Ex-porta voz da presidência não cita nomes e faz critica velada a governo

Rêgo Barros também criticou os auxiliares do governo ao chamá-los de 'seguidores subservientes'

[Ex-porta voz da presidência não cita nomes e faz critica velada a governo]

FOTO: Reprodução/ Agência Brasil

O ex-porta-voz da Presidência Otávio do Rêgo Barros escreveu diversas críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro, sem citar nomes, em artigo publicado ontem (27) no jornal "Correio Braziliense". Rêgo Barros declarou que o poder "inebia, corrompe e destrói". Ele também pontuou que os auxiliares do governo são "seguidores subservientes". 

O texto escrito por ele é parecido com as reclamações feitas por integrantes do próprio governo que criticam Bolsonaro por supostamente não saber lidar com opiniões que não lhe sejam favoráveis e de reconhecer os erros. 

Confira alguns trechos:

“O escravo se coloca ao lado do galardoado chefe, o faz recordar-se de sua natureza humana. A ovação de autoridades, de gente crédula e de muitos aduladores, poderá toldar-lhe o senso de realidade. Infelizmente, nos deparamos hoje com posturas que ofendem àqueles (sic) costumes romanos”, escreveu o ex-porta-voz do governo, que, em diversas passagens de seu artigo, remete ao período do Império Romano.

“É doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletrônicas, são meras peças publicitárias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais. Tão logo o mandato se inicia, aqueles planos são paulatinamente esquecidos diante das dificuldades políticas por implementá-los ou mesmo por outros mesquinhos interesses”, escreveu Rêgo Barros. “Os assessores leais — escravos modernos — que sussurram os conselhos de humildade e bom senso aos eleitos chegam a ficar roucos”, continuou.

“Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal”, disse ao criticar indiretamente os auxiliares do presidente. 

Na finalização do texto, o ex-porta-voz do governo Bolsonaro diz: “A população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da próxima eleição!”
 


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