Família denuncia negligência depois de ter braço quebrado durante parto em Salvador
Caso foi registrado na Maternidade Albert Sabin, localizada em Cajazeiras

Foto: Arquivo pessoal
Uma família está denunciando negligência no atendimento na Maternidade Albert Sabin, localizada em Cajazeiras, em Salvador, depois de um bebê ter um braço quebrado e perder o movimento do outro durante o parto. Um inquérito policial foi registrado na Polícia Civil (PC), que apura a situação como lesão corporal culposa através da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime contra a Criança e o Adolescente (Dercca).
De acordo com relato de familiares, o bebê nasceu no último domingo (12) e o parto foi cercado de complicações. A mãe da criança, identificada como Jucileide da Silva, chegou à maternidade com 39 semanas de gestação e com a recomendação de que o parto fosse feito por cesárea. Isso acontece pois a mãe da criança tinha diabete gestacional e a condição poderia ocasionar problemas durante o nascimento do bebê.
Ao chegar na maternidade, a família afirma que a recomendação não foi ouvida pelos profissionais e o parto normal foi induzido. A criança nasceu às 19h49, pesando 4,3 kg, e apresentou asfixia perinatal, o que exigiu a realização de manobras de reanimação logo depois do nascimento.
"Em momento nenhum eles escutaram a gente. O parto foi induzido sendo que era para ser cesárea e e eles mesmos sabiam, porque são profissionais disso. A menina com 4,3 kg, muito grande. [....] Agora minha filha tá aí, impossibilitada até para trocar uma roupa, dar um banho", disse o pai da criança, em entrevista à TV Bahia.
O pai da criança disse ainda que os ferimentos também tem atrapalhado durante a alimentação da criança, que sente dor ao er segurada. "[É] terrível. Nunca pensei que eu fosse passar por uma situação dessa. Já tive cinco filho aqui nessa maternidade e esse parto deixou a desejar", afirmou.
De acordo com o relatório do parto, além da fratura, a criança apresenta suspeita de lesão no plexo braquial direito, o que tem provocado dificuldade para movimentar os braços. A orientação médica no documento inclui a prática de uma dieta plena, uso de dipirona sistêmica e a imobilização do membro afetado, assim como acompanhamento de ortopedia pediátrica.
Família alega falta de transparência
A família da criança indica que houve falta de transparência sobre o estado de saúde do bebê depois do nascimento. Além disso, disseram ter recebido um tratamento grosseiro por parte dos profissionais da unidade de saúde. A tia do bebê disse que um funcionário chegou a afirmar que não era obrigado a fornecer informações a ela.
Por meio de nota encaminhada ao portal G1, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) disse que detalhes sobre o caso não podem ser divulgados em decorrência da lei de acesso à informação. O órgão destacou também que todos os hospitais e maternidades sob a gestão do governo do estado seguem protocolos clínico-assistenciais determinados pelo Ministério da Saúde.
Já a Polícia Civil disse que um inquérito policial para investigar o caso foi aberto na última terça-feira (14) e oitivas são feitas.
Confira a nota da Sesab na íntegra:
"A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informa que, em cumprimento ao código de ética médica e à lei de acesso à informação, não comenta nem divulga dados sobre atendimentos realizados na rede estadual de saúde, preservando a intimidade dos pacientes e o sigilo profissional das equipes envolvidas.
Todos os hospitais e maternidades sob gestão estadual seguem protocolos clínico-assistenciais definidos pelo ministério da saúde e pelo conselho federal de medicina. Em situações com intercorrências, são adotados fluxos internos de auditoria e avaliação técnica com o objetivo de garantir a qualidade e a segurança do cuidado prestado. Os fatos em questão serão devidamente apurados.
A Sesab destaca ainda que pacientes e familiares podem procurar a direção da unidade para esclarecimentos sobre os procedimentos adotados e acesso às informações cabíveis, conforme a legislação vigente. A secretaria reafirma seu compromisso com a ética, a transparência institucional e a proteção da privacidade das pessoas assistidas pela rede estadual de saúde.