Fiocruz detecta fungo da histoplasmose pela primeira vez na Antártica
Doença pode acometer os pulmões e levar à morte

Foto: Divulgação/Fiocruz
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encontraram amostras de um fungo que causa a histoplasmose, doença que pode acometer os pulmões e levar à morte, na Antártica. A descoberta inédita foi registrada no estudo Detecção Molecular de Histoplasma capsulatum na Antártica, publicado na edição de outubro da revista Emerging Infectious Diseases (EID journal), dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
As amostras foram coletadas no verão de 2020, no solo e nas fezes de pinguins da Península Potter, uma Área de Proteção Especial Antártica (Aspa, na sigla em inglês) no arquipélago das Shetland do Sul. A descoberta chama atenção especialmente pela capacidade de adaptação do fungo. A histoplasmose tem maior incidência nas Américas, com pouca prevalência em áreas de clima frio.
“Esta descoberta destaca a necessidade de vigilância sobre agentes emergentes de micoses sistêmicas e sua transmissão entre regiões, animais e humanos na Antártica”, diz o artigo. Os pesquisadores levantaram algumas hipóteses que podem justificar a presença do fungo na Antártica, como ter sido levado por aves ou outros animais recentemente. Outra opção é que o patógeno esteja presente no local desde a separação dos continentes e se adaptou às mudanças climáticas.
“A presença deste fungo na Antártica pode datar de milhares de anos. Contudo, o impacto das alterações climáticas colabora tanto para o aumento das áreas sem cobertura de gelo, expondo solos até então congelados, como também influenciam o deslocamento de massas de ar, nível de precipitação de neve sazonal e a migração dos animais, fatos que colaboram para a dispersão de microrganismos pelo mundo”, avaliou o pesquisador Lucas Machado Moreira, principal autor do artigo.