Fraude no INSS: sindicato ligado a irmão de Lula movimentou R$ 1,2 bilhão em seis anos, aponta relatório do Coaf
Segundo relatório, sindicato aparece entre as entidades que mais se beneficiaram dos descontos aplicados aos aposentados

Foto: Divulgação/Portal da Prefeitura
O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), entidade envolvida na Fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e que tem o Frei Chico, irmão do presidente Lula (PT), como vice-presidente, movimentou R$ 1,2 bilhão entre janeiro de 2019 e junho de 2025, segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
A informação foi divulgada no Relatório de Inteligência Financeira (RIF) enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Desse total, R$ 586 milhões entraram na conta da entidade, enquanto outros R$ 613 milhões sairam. O Coaf relatou, que no período de análise de seis anos, a entidade fez operações de saques e deposítos de valores em espécie que acumulam o valor de R$ 6,5 milhões.
Segundo o Relatório de Inteligência Financeira, empresas de familiares de dirigentes do Sindnapi receberam R$ 8,2 milhões da entidade no período analisado. Os repasses foram feitos a companhias que têm como donos parentes do atual presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho; e o ex-presidente João Batista Inocentini, morto em agosto de 2023.
O relatório ainda aponta que, ao lado da Contag, o Sindnapi aparece entre as entidades que mais se beneficiaram dos descontos aplicados aos aposentados. Em um período de cinco anos, os valores repassados pelo INSS para o Sindnapi registraram crescimento de 564%.
Dados divulgados pelo Portal de Transparência do Sindnapi mostram que, de 2020 a 2024, o montante recebido pela entidade a partir dos descontos nos benefícios saiu de R$ 23,2 milhões para R$ 154,7 milhões. O relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), revelou que o Sindnapi não foi capaz de comprovar documentação completa de nenhum assocadiado dentro de uma amostra aleatória selecionada pelo órgão.
Em nota encaminhada ao Farol da Bahia, o Sindnapi afirmou que as informações são descontextualizadas e destacou que os mencionados nunca estiveram envolvidos com a prática das irregularidades.
Confira a nota na íntegra:
Após a quebra do sigilo fiscal do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) no âmbito da CPMI do INSS, foram vazadas na imprensa informações de transações bancárias o Sindicato e seus dirigentes, obtidas a partir de Relatório de Inteligência Financeira expedido pelo COAF.
A esse respeito, o Sindicato, apesar de ter seu sigilo bancário exposto, direito conferido constitucionalmente a todos os cidadãos e organizações da sociedade civil, não vê qualquer problema, dado que, desde o início da deflagração da Operação Sem Desconto, vem se colocando à disposição das autoridades.
Contudo, os dados vêm sendo distorcidos e divulgados de forma irresponsável e mal intencionada, procurando atingir a imagem e respeitabilidade do Sindicato e seus dirigentes, o que merece reparo, além de nosso repúdio.
As cifras, frequentemente mencionadas na casa dos bilhões de reais, consistem na soma de entradas e saídas ao longo de diversos anos, o que artificializa o real fluxo de caixa da entidade. Isso faz com que a população seja exposta à percepção, falsa, de que o Sindicato movimenta uma verba que não é compatível com a sua atividade e os serviços prestados no melhor interesse de seus associados e de toda a sociedade, dada a incansável luta da entidade em defesa da proteção social dos aposentados do Brasil.
Vejamos, no período de janeiro de 2021 a abril de 2025, o Sindnapi teve receitas de pouco mais de R$ 387 milhões oriundas dos descontos associativos e mais R$ 41 milhões de recebimentos de empréstimos e outras entradas, resultando num total geral de pouco mais de R$ 428 milhões. Considerando o mesmo período, o Sindnapi teve despesas de aproximadamente R$ 458.131.000,00, plenamente justificadas, contabilizadas e auditadas sendo que os principais itens correspondem ao programa Viver Melhor (60,30%), folha de pagamento (11,39%), honorários advocatícios (7,43%), impostos (4,44%) e repasses para as 56 subsedes espalhadas pelo país (3,63%). A diferença de cerca de R$ 30 milhões entre receitas e despesas foi suportada pela poupança e investimentos que giraram na ordem de R$ 70 milhões. Planilhas contábeis, balancetes, auditorias e contas bancárias estão à disposição da Suprema Corte do país, o que ratifica o interesse do Sindnapi em esclarecer os fatos para que se separe entidades idôneas das verdadeiras organizações criminosas.
Por fim, manifestamos também repúdio à estratégia que foi mobilizada de vazar na imprensa informações que nem o Sindnapi e tampouco os seus advogados do Sindicato tiveram prévio acesso. Trata-se de expediente dedicado única e exclusivamente a confundir e depreciar o Sindnapi, e que em nada se coaduna com o exercício das liberdades comunicativas, essenciais para o Estado Democrático de Direito.
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