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'Gaza será um dos capítulos mais horríveis dos séculos 20 e 21', diz presidente palestino na ONU

Abbas também disse estar pronto para trabalhar com Donald Trump e com representantes de Arábia Saudita, França e Nações Unidas para implementar o plano de paz

Por FolhaPress
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'Gaza será um dos capítulos mais horríveis dos séculos 20 e 21', diz presidente palestino na ONU

Foto: Sean Gallup/Getty Images

A guerra na Faixa de Gaza entrará para os livros de história como um dos capítulos mais horríveis dos séculos 20 e 21, afirmou o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, nesta quinta-feira (25), durante discurso por videoconferência na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

"O povo palestino em Gaza encara uma guerra de genocídio, destruição, fome e deslocamento travada pelas forças de ocupação israelenses", afirmou o líder. "O que Israel está fazendo não é nem sequer uma agressão. É um crime de guerra e um crime contra a humanidade documentado e monitorado que será lembrado nos livros de história e nas páginas da consciência internacional como um dos capítulos mais horríveis de tragédia humanitária dos séculos 20 e 21".

Abbas afirmou que o grupo terrorista Hamas não teria espaço em um futuro governo – uma demanda de Israel e da comunidade internacional como um todo. "O Hamas e outras facções terão que entregar suas armas à Autoridade Palestina como parte de um processo para construir instituições", afirmou. "Nós não queremos um Estado armado".

O presidente palestino também disse estar pronto para trabalhar com Donald Trump e com representantes de Arábia Saudita, França e Nações Unidas para implementar o plano de paz adotado em uma conferência da última segunda-feira (22), primeiro dia da Assembleia-Geral.

As propostas centrais incluem cessar-fogo imediato e permanente em Gaza, a entrada sem restrições de ajuda humanitária, a retirada das forças israelenses e a garantia de que os palestinos não sejam deslocados de suas terras. Também defendem a reconstrução de Gaza e eleições em até um ano após o fim da guerra, com reformas institucionais para consolidar um Estado palestino democrático.

O palestino criticou ainda os ataques inéditos de Tel Aviv ao Qatar no começo do mês e a visão de um "Grande Israel", conceito de expansão da nação sobre Cisjordânia, Gaza e partes de países vizinhos como Egito e Líbano defendido pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.

Abbas falou por videoconferência após ter o visto negado pelos EUA no final de agosto. Como resposta, a Assembleia-Geral adotou uma resolução na semana passada, aprovada por 145 votos a favor, seis abstenções e cinco votos contra (Israel, Nauru, Palau, Paraguai e EUA) para autorizar o líder a discursar por vídeo.

Washington justificou a medida, criticada por países europeus, afirmando que a Autoridade Palestina e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), ambas comandadas por Abbas, "contribuíram materialmente para a recusa do Hamas em libertar seus reféns e para o colapso das negociações de cessar-fogo em Gaza".

A decisão dos EUA contradiz o Acordo sobre a Sede da ONU, que estabelece os deveres do país anfitrião – entre eles, "não impor quaisquer impedimentos ao trânsito de ou para o distrito da sede" de autoridades estrangeiras, "independentemente das relações existentes" entre os governos dos líderes e os EUA.

Nos últimos meses, Abbas tem sido mais incisivo ao falar sobre os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais o grupo terrorista matou cerca de 1.200 pessoas e fez cerca de 250 reféns. No discurso desta quinta, ele voltou a condenar os atentados.

"Apesar de todo o sofrimento de nosso povo, nós rejeitamos o que o Hamas fez no 7 de Outubro. As ações que miraram civis israelenses e os levaram como reféns não representam o povo palestino nem sua luta por liberdade e independência", afirmou, sem chamar os atos de terroristas.

A ANP foi criada nos Acordos de Oslo, firmados entre a OLP e Israel no início da década de 1990, para administrar temporariamente o território ocupado por Israel antes da criação de um Estado palestino independente, o que nunca se concretizou. Controlada pelo Fatah, partido que governa parcialmente a Cisjordânia, a entidade exclui o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2006.

A Palestina é reconhecida por mais de 150 países, o que representa mais de 80% dos Estados-membros da ONU, mas algumas das nações com mais poder em órgãos internacionais, como os EUA, não tomaram esse passo. Apesar disso, a OLP é reconhecida como observadora nas Nações Unidas e a "única representante legítima do povo palestino" pelo órgão desde 1974, status que foi atualizado em 2012, quando o território passou a ser um Estado observador não membro.

Após reafirmar que a OLP reconhece o direito de Israel de existir, Abbas agradeceu, nesta quinta, as nações que reconheceram a Palestina nos últimos dias – países como França, Austrália, Canadá, Portugal e Reino Unido o fizeram durante a Assembleia. "Nosso povo nunca esquecerá essa nobre postura", disse o presidente.

Embora Abbas tenha conseguido discursar no evento, a medida do governo Trump afetou outros 80 palestinos que poderiam ir ao encontro no momento em que a guerra na Faixa de Gaza passa por um de seus momentos mais críticos.

Há pouco mais de um mês, Israel iniciou uma ofensiva para ocupar a devastada Cidade de Gaza, onde mais da metade da população de mais 2 milhões de pessoas do território vivia antes da guerra e para onde centenas de milhares de deslocados haviam voltando após um cessar-fogo em janeiro.

Até agora, mais de 65 mil palestinos, em sua maioria civis, foram mortos ao longo da guerra, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas —o número, que representa 3% dos mais de 2 milhões dos habitantes de Gaza, é considerado confiável pela ONU.

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