Giorgio Armani comenta sobre o futuro da moda pós coronavírus

Em carta aberta, o designer italiano disse que a moda precisará mudar os rumos

[Giorgio Armani comenta sobre o futuro da moda pós coronavírus]

FOTO: Fashion Network

Depois de muitas marcas de moda sofrerem grandes prejuízos por conta da pandemia do coronavírus, diversos designers passaram a adotar medidas para conter a crise, seja abrindo mão de seus salários ou movendo os esforços e recursos das marcas em prol de ajudar a melhorar a situação do mundo. 

Mas o impacto do coronavírus na moda não é só financeiro. A indústria sofre também com uma crise de imagem, principalmente num momento em que roupa deixa de ser uma prioridade para as pessoas. Além disso, o modelo atual das marcas, que propõem coleções semanais e uma alta velocidade de consumo, cai em desuso cada vez mais. 

O designer de moda italiano, Giorgio Armani, refletiu nos últimos dias sobre os caminhos que a moda precisará tomar após o coronavírus. Armani pontua que as marcas precisam produzir roupas atemporais e duradouras, que façam sentido na vida das pessoas por um longo período de tempo. Para ele, a moda descartável precisa acabar. 

 

Confira abaixo a sua carta aberta na íntegra: 

‘’A emergência atual mostra como uma desaceleração cuidadosa e inteligente é a única saída: um caminho que finalmente trará valor ao nosso trabalho e fará com que a sua importância final seja percebida como importante e de verdadeiro valor. O declínio do sistema da moda como o conhecemos começou quando o setor de luxo adotou os métodos operacionais do fast fashion, capturando o ciclo de entrega contínua na esperança de vender mais, mas esquecendo que o luxo leva tempo, para ser realizado e para ser apreciado.

O luxo não pode e não deve ser rápido. Não faz sentido que uma das minhas jaquetas ou roupas viva na loja por três semanas antes de se tornarem obsoletas, substituídas por novos produtos que não são muito diferentes. Eu não trabalho assim, e acho imoral fazê-lo. Sempre acreditei numa ideia de elegância atemporal, que não é apenas uma crença estética precisa, mas também uma atitude no design e na realização das roupas que sugere uma maneira de comprá-las: fazê-las durar.

Pela mesma razão, acho absurdo que, no meio do inverno, haja vestidos de linho nas boutiques e casacos de alpaca no verão, pela simples razão de que o desejo de comprar deve ser satisfeito imediatamente. Quem compra para colocar no armário à espera da estação certa? Nenhum ou alguns, eu acho. Mas isso, impulsionado por ‘’lojas de departamento’’, tornou-se a mentalidade dominante. Errada, para mudar. Esta crise é uma oportunidade maravilhosa de desacelerar e realinhar tudo; traçar um horizonte mais verdadeiro.

Trabalho com as minhas equipes há três semanas para que, uma vez terminado o bloqueio, as coleções de verão permaneçam nas boutiques pelo menos até o início de setembro, como é natural. E assim faremos a partir de agora. Esta crise também é uma excelente oportunidade para restaurar o valor da autenticidade.

Eventos especiais devem ocorrer em ocasiões especiais, não como rotina. O momento pelo qual estamos passando é turbulento, mas também nos oferece a oportunidade única de corrigir o que está errado, de recuperar uma dimensão mais humana. É bom ver que, nesse sentido, estamos todos unidos. Para o varejo, será um teste importante. Aos operadores de moda, quero enviar o meu sincero incentivo pelas difíceis semanas que enfrentaremos. Unidos, nós conseguiremos. Mas teremos de nos unir: essa talvez seja a lição mais importante desta crise.’’

Giorgio Armani


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