Governo levou ao menos 120 pessoas em viagens de Lula à Rússia e à China
Apenas a Secom (Secretaria de Comunicação) enviou 27 pessoas à viagem, e a Casa Civil deslocou 19 funcionários

Foto: Ricardo Stuckert/PR
As visitas de Lula (PT) à Rússia e à China mobilizaram a viagem de ao menos 120 pessoas, lista que inclui ministros, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dezenas de técnicos e assessores.
Apenas a Secom (Secretaria de Comunicação) enviou 27 pessoas à viagem, e a Casa Civil deslocou 19 funcionários. O levantamento foi feito pela Folha de S.Paulo em portais da transparência e nas autorizações de viagens publicadas no Diário Oficial da União.
Esta viagem internacional de Lula começou em 6 de maio, quando o presidente embarcou para Moscou. Na capital da Rússia, ele participou de uma celebração dos 80 anos da vitória da Rússia na Segunda Guerra Mundial. Na prática, o evento serviu como demonstração de força Vladimir Putin após três anos de guerra na Ucrânia e gerou desgaste ao presidente brasileiro, uma vez que os chefes de Estado e de governo presentes em Moscou eram majoritariamente ditadores e autocratas.
Na sequência, Lula chegou a Pequim no dia 11, onde teve encontros com o líder chinês, Xi Jinping. A viagem ainda ficou marcada pelo vazamento do teor de uma conversa em que a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, teria comentado com Xi os efeitos nocivos do TikTok, plataforma chinesa de vídeos curtos.
Ainda não há registros consolidados sobre as despesas relacionadas à viagem de Lula. Dados do Siga Brasil, portal administrado pelo Senado e que apresenta valores da execução do Orçamento federal, apontam até agora o pagamento de R$ 122 mil em diárias de oito pessoas.
A relação de pessoas que acompanharam as agendas do presidente no exterior também é parcial. Ao menos quatro publicações de autorização de viagens foram feitas sem citar os nomes dos servidores que fariam os deslocamentos. O Planalto afirma que nomes das equipes de segurança e saúde do presidente, entre outros, são mantidos sob sigilo.
Ainda há órgãos autônomos, como a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que divulgam as autorizações de viagem em páginas próprias e ainda não têm dados disponíveis sobre a mais recente agenda internacional do presidente.
Nesta quinta-feira (15), o Planalto publicou no Diário Oficial nomes de 26 integrantes da comitiva que acompanhou Lula em visita a Pequim. Além de Janja, a lista inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o 2º vice-presidente da Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), além de 11 ministros e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também fez parte da comitiva a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, entre outras autoridades. Há ainda dezenas de assessores e técnicos dos órgãos ligados ao governo federal que acompanharam a agenda.
Os ministros tiveram agendas temáticas e encontros com empresários durante a viagem do presidente. Durante seminário organizado pela ApexBrasil, empresas chinesas sinalizaram investimentos de cerca de R$ 27 bilhões no Brasil envolvendo áreas como a produção de combustível sustentável para a aviação.
Foram assinados também diversos acordos em saúde, o principal deles entre a brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac, que anunciaram o Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas, voltado para vacinas e outras atividades.
Parte das equipes que viajaram ao exterior atua na produção e na parte técnica da cobertura da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), órgão que faz a cobertura institucional das viagens. Ainda há seguranças e técnicos de tecnologia que foram à Rússia e à China dias antes da chegada de Lula, para preparar a viagem.
Em nota, a Secom diz que as comitivas oficial, técnica e de apoio são mobilizadas durante as viagens do chefe do Executivo, sendo que a lista que compõe os dois últimos grupos fica sob sigilo, no grau reservado por até cinco anos.
"As comitivas Técnica e de Apoio são compostas por servidores que atuam em áreas-meio para viabilização dos eventos, tais como agentes de segurança, saúde e pessoal de apoio. Como tais informações podem colocar a segurança do presidente ou do vice-presidente em risco, os dados são classificados no grau de sigilo reservado pelo Gabinete de Segurança Institucional, nos termos do art. 25, inciso VIII, do Decreto nº 7.724/2012", afirma a Secom.
A mesma nota afirma que as despesas com diárias e hospedagens da viagem serão custeadas pelo Ministério das Relações Exteriores. "À Presidência da República compete o custeio de despesas residuais, tais como serviços de apoio de solo, taxas aeroportuárias, comissária aérea, telefonia no país de destino, seguro-viagem internacional e eventuais passagens aéreas para servidores do órgão", diz a Secom, que também afirma que os valores serão divulgados após a conclusão da prestação de contas das viagens.