Grupo extremista ataca ator Adérito Lopes em teatro em Lisboa
Ministério da Cultura classificou ação como ameaça à liberdade artística

Foto: Divulgação
O ator português Adérito Lopes foi vítima de uma agressão física nesta terça-feira (10), em Lisboa, ao ser cercado por cerca de 30 membros do grupo de extrema-direita Reconquista, conhecido por promover manifestações de cunho xenofóbico e nacionalista.
O episódio ocorreu na entrada do teatro A Barraca, onde Lopes se preparava para uma apresentação ao lado de outros dois colegas. Segundo relatos da atriz Maria do Céu Guerra à emissora pública RTP, o grupo aguardava os artistas com insultos e palavras de ordem como “defende o teu sangue”, criando um ambiente de intimidação.
Durante a confusão, Adérito Lopes foi agredido no rosto, com um golpe que resultou em ferimento no olho e um corte na face. Ele foi socorrido e encaminhado ao hospital, mas seu estado de saúde é estável. A polícia portuguesa foi acionada e deteve um suspeito de aproximadamente 20 anos. O restante do grupo se dispersou após a chegada dos agentes.
Ainda segundo a imprensa local, o grupo Reconquista voltava de uma manifestação quando decidiu realizar o ataque. Os extremistas chegaram a colar na fachada do teatro um cartaz com a frase “Portugal aos portuguezes”,com erro ortográfico, acompanhada do símbolo do movimento.
Embora não haja imigrantes entre os integrantes da companhia teatral, o caso reabriu em Portugal o debate sobre intolerância e ataques contra artistas.
A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, classificou o ataque como “um atentado contra a liberdade de expressão, contra o direito à criação e contra os valores democráticos”.
A apresentação marcada para a noite de terça-feira foi cancelada. O teatro A Barraca, fundado em 1976, é um dos mais tradicionais espaços culturais de Lisboa.