Hackers oferecem ataques por US$ 10, revela estudo

Na internet o mercado criminoso oferece serviços hackers  em fóruns da Deep Web, uma camada da internet não acessível por navegadores e endereços convencionais. A lista de preços médios dos crimes virtuais comercializados na página é divulgada anualmente pelo Privacy Affairs, um coletivo de profissionais de cibersegurança. Na cotação mais recente, um ataque tipo DDoS com até 50 mil requisições a cada segundo e duração de uma hora sai por US$ 10 dólares. No total, os preços das ações variam conforme o impacto e o tempo da ação cibernética. 

Mais conhecido por ataque de negação de serviço, o Distributed Denial of Service, DDoS na sigla em inglês, é o produto do momento no mercado do crime da internet. A partir de vírus introduzidos em computadores em geral, transformados em máquinas “zumbis”, esse ataque envia pedidos de conexões a um site ou servidor, de modo a sobrecarregar o sistema. Na Deep Web, o contratante do serviço precisa apenas fazer contato com o hacker, apresentar a demanda e efetuar o pagamento, que geralmente acontece  em criptomoedas. O mercado hacker funciona sob demanda contra alvos específicos, mas também com a oferta de ferramentas que exigem de quem paga por elas pouco conhecimento de programação de computadores. 

A expansão do mercado hacker no País se deve à popularização do acesso e ao desleixo dos internautas brasileiros com segurança digital. Um levantamento realizado pelo Estadão à empresa californiana Nexusguard, especializada em cibersegurança e no monitoramento de vulnerabilidades digitais, mostra um salto em ataques DDoS no Brasil de 58 no terceiro trimestre de 2019 para 24.403 no mesmo período deste ano. Nos últimos três meses do ano passado, foram 4.264, quantidade também bem abaixo dos parâmetros atuais.

O Brasil também cresce como origem de ataques. Os dados da consultoria apontam que o total de dispositivos usados por hackers para realização de ataques de negação de serviço cresceu de 185 para 6.598 do primeiro ao terceiro trimestre deste ano. De acordo com o gerente de pesquisas da Nexusguard, Tony Miu, o “crescimento no uso da tecnologia geralmente anda de mãos dadas com uma falta de conscientização em segurança cibernética, levando a uma deficiência na segurança de dispositivos que serão explorados por hackers”.

No Brasil, ataques de negação de serviço são desafios frequentes para o mercado de provedores de internet de pequeno e médio porte. Segundo dados da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), a banda larga de empresas regionais está em 12,7 milhões de residências. As grandes operadoras, em 35 milhões. “Hoje é uma grande preocupação para nós. Se antes era um privilégio das grandes empresas, isso não existe mais. É um problema para as pequenas”, disse Wardner Maia, membro do conselho de administração da Abrint.