Haddad fala sobre as críticas da alta dos impostos: "Pode gritar"
Ministro da Fazenda salientou que o governo federal não pode se deixar intimidar "na busca de justiça" social e tributária

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que quem não gostar das propostas do governo federal "pode gritar", nesta segunda-feira (30), em meio às discussões sobre a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A declaração de Haddad acontece alguma horas depois do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticar a alta de impostos do governo Lula (PT) nas redes sociais. “Nós vamos continuar fazendo justiça social, pode gritar, pode falar, vai chegar o momento de debater. Mas temos de fazer justiça no Brasil, nós não podemos intimidar na busca de justiça. É para fazer justiça no campo, na cidade, na fábrica, é para isso que estamos aqui”, disse o ministro no decorrer do lançamento do Plano Safra.
Durante a fala, Haddad mencionou que o governo de Bolsonaro congelou a tabela do IR no mandato dele e, por esse motivo, o ex-presidente não pode “falar de aumento de imposto”.
“E fica com esse papo agora, o Bolsonaro, de falar de aumento de imposto. Deixa eu falar para vocês qual o aumento mais cruel de imposto que um presidente pode fazer: ele ficou os quatro anos sem reajustar a tabela do imposto de renda (…) simplesmente pela crueldade de congelar a tabela de imposto de renda. Quatro longos e tristes anos da história do Brasil”, declarou Haddad.
“Qual a moral desse senhor [Bolsonaro] para falar mal de aumento de imposto? Por que estamos fechando brecha para o andar de cima passar a pagar? Isso nós vamos continuar fazendo. Nós vamos fechar todas as brechas que são criadas por jabutis”, finalizou o ministro.
Os últimos projetos da equipe econômica têm gerado descontentamento nos agentes do mercado financeiro e em parlamentares do Congresso Nacional. O aumento das alíquotas do IOF incomodou tanto que foi retirado por um decreto legislativo na semana passada.
Por hora, a Advocacia-Geral a União (AGU) examina a possível judicialização da questão do IOF, o que estreitar ainda mais a relação entre Legislativo e Executivo, que ficou fragilizada com idas e vindas de acordos entre governo e presidentes das Casas.
A equipe econômica, agora, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá que escolher se realizará novos congelamentos no orçamento ou se apresenta outras estratégias, como medidas relacionadas à arrecadação, ao corte de gastos, ou ambos.