Idoso em situação de trabalho escravo é resgatado de sítio em Salvador
Caso aconteceu no bairro Cassange e está sendo investigado pela Superintendência Regional do Trabalho

Foto: TV Bahia
O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Superintendência Regional investigam em conjunto as condições de trabalho de um idoso que estava abandonado em um sítio no bairro do Cassange, em Salvador.
O homem foi identificado apenas como Juquinha, foi resgatado na terça-feira (30), levado para um abrigo na cidade e não sabe dizer quantos anos tem. Segundo moradores da região, que fizeram a denúncia, ele vive no imóvel há pelo menos 20 anos.
O local foi invadido pela vegetação, não tem água potável, a proteção contra chuva é feita por um tipo de lona improvisada e muito lixo foi encontrado nos cômodos.
De acordo com os moradores denunciantes, Juquinha morava no interior da Bahia e foi levado para o sítio para trabalhar. O dono do local morreu e deixou o imóvel para a filha e para a esposa viúva, que não moram mais no local. Elas mantiveram o idoso no sítio como uma espécie de caseiro, entretanto ele não recebe nenhuma remuneração.
Em relato, o idoso afirmou “Eu ganhava um trocado, mas depois acabou com tudo"
Um outro homem além de Juquinha trabalhou no local e disse que não recebeu remuneração. José Carlos afirma ter sido funcionário do sítio por 10 anos e, durante esse período, teve os documentos confiscados. Quando foi demitido, não recebeu nenhum tipo de auxílio financeiro.
"Foram 10 anos de amargura, passei muita fome" afirmou.
"Me dá uma dor no coração, porque quando vi Juquinha pela primeira vez, ele era um homem forte, sadio", disse José Carlos.
Após a inspeção dos órgãos, o idoso passou por exames e consulta médica. Nesta quarta-feira (31), ele participou de atividades no abrigo para onde foi levado.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos de Lauro de Freitas, cidade vizinha a Salvador e próxima ao bairro onde fica o sítio, o próximo passo é identificar o idoso, já que ele não sabe o próprio nome completo, nem idade. A secretaria atuou na operação junto com os outros órgãos do trabalho.
"É um caso muito grave, de condições degradantes de trabalho e de alojamento. Não tem a menor condição de higiene e de saúde. Era usada a água da chuva para tomar banho e lavar utensílios", contou Liane Durão, auditora fiscal do trabalho que participou da operação.
A Superintendência Regional já colheu depoimentos de testemunhas e notificou as donas do imóvel. A audiência aconteceria de forma remota, porém nenhuma delas compareceu.