Inflação supera parte das negociações salariais em 2021, aponta Dieese

36,6% das negociações empataram com o INPC e 15,8% superaram a inflação no ano passado

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FOTO: Reprodução/Pixabay

A inflação superou parte das negociações salariais do setor privado em 2021. Esse é o pior resultado em quatro anos, desde que o Dieese começou a avaliar as negociações introduzidas na base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho, em 2018.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, 47,7% das negociações salariais ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), finalizando 2021 com alta de 10,16%.

Já 36,6% das negociações empataram, e somente 15,8% superaram a inflação. O reajuste médio de 16,3 mil negociações concluídas e inseridas até 6 de janeiro na base de dados ficou em 0,86% abaixo da inflação.

"Antes de 2018, a gente trabalhava com um painel mais restrito, que incluía as principais negociações", diz o sociólogo Luís Ribeiro, técnico responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Contratações Coletivas do Dieese.

Entre 1996 e 2002, parte das negociações que perdia para inflação girava em torno de 40%. Em 2003, com a inflação em alta, 58% das negociações ficaram abaixo do INPC. De 2004 em diante, a parcela de negociações com reajustes acima da inflação predominou. No entanto, com recessão em 2015, o quadro piorou, observa Ribeiro.

Ele também destaca que, desde 2018, com o enfraquecimento da atividade agravado pela pandemia e a alta do desemprego, a situação complicou para o trabalhador.

"É um cenário delicado que resulta da combinação de inflação alta com grande ociosidade no mercado de trabalho", observa o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi.

A grande parcela de reajustes salariais que perderam para a inflação pode limitar o consumo e a atividade, com desdobramentos sobre a inadimplência. "É menos dinheiro injetado na economia", completa, ressaltando que a prioridade do brasileiro hoje é comprar itens básicos.


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