Instituto Fogo Cruzado registra 5 mil baleados em 3 anos de registros da violência armada em Salvador e região metropolitana

Salvador e Região Metropolitana (RMS) ultrapassaram, na quinta-feira (26), o marco de 5 mil pessoas baleadas, em três anos. Os dados foram divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado, que monitora e produz dados sobre a violência armada na Bahia desde julho de 2022, e completa três anos, nesta terça-feira (1°), mesma data da divulgação dos dados.

Somente na quinta-feira (26), sete pessoas foram baleadas. Entre as sete vítimas de violência armada, cinco morreram e duas ficaram feridas. Segundo os dados do Fogo Cruzado, entre as 5.004 pessoas baleadas até o dia 26, estão 35 crianças, sete mortas e 28 feridas; 167 adolescentes, 126 mortos e 41 feridos; 52 idosos,33 mortos e 19 feridos; e 4.724 adultos, 3.785 mortos e 939 feridos. O Instituto ainda detalha que três fetos foram atingidos e mortos ainda no útero de suas genitoras, e 23 pessoas, 19 mortas e quatro feridas não tiveram a faixa etária identificada.

Os casos se destacam em Salvador, com 71% das ocorrências sendo registradas na capital baiana, com 36,5% dos casos em ações policiais e 57% de vítimas de homicídio ou tentativa de feminicídio.

Entre as principais motivações, o Instituto identificou que: 1.830 pessoas foram baleadas durante ações policiais; 497 durante tentativas de roubo; 365 em disputas entre grupos armados; 94 durante brigas; 77 em situações de cárcere privado; e duas durante rebeliões ou fugas de presídios. 

Foram registradas 414 mortes em chacinas, 125 baleados por balas perdidas e 23 mulheres vítimas de feminicídios (19 mortas) ou tentativas (4 feridas). No total, 387 pessoas foram baleadas em residências, 181 em automóveis, 132 em bares, 74 em eventos, 32 em barbearias, cinco dentro de shoppings, 28 enquanto utilizavam o transporte público, 14 em postos de gasolina, cinco em lava jatos, duas dentro de presídios e duas em unidades de ensino.

Registros por gênero e raça

Com 4.516 registros, tendo representado 90% das vítimas, os homens aparecem como principal gênero atingido na pesquisa, com um desses registros sendo de um homem trans. Foram registradas 417 mulheres baleadas (8%), entre elas, nove mulheres trans/travestis. 71 pessoas não tiveram o gênero identificado.

Do total de baleados, 1.848 eram pessoas negras e 112, brancas. Enquanto outras 3.042 vítimas não tiveram a distinção por raça concluída.

Em relação à ocupação das vítimas, 113 são agentes de segurança, 46 mototaxistas, 31 motoristas por aplicativo, 23 rifeiros, 17 vendedores ambulantes, 30 entregadores/motoboys, seis lideranças comunitárias, oito lideranças religiosas, oito gestantes e quatro políticos.

Salvador lidera o ranking de municípios com maiores números de ocorrências; confira:

-Salvador: 3.539 baleados;
-Camaçari: 574 baleados; 
-Lauro de Freitas: 205 baleados;
-Dias D’Ávila: 143 baleados; 
-Simões Filho: 141 baleados; 
-Mata de São João: 107 baleados;
-Candeias: 98 baleados; 
-Vera Cruz: 70 baleados; 
-Madre de Deus: 36 baleados; 
-São Sebastião do Passé: 30 baleados; 
-São Francisco do Conde: 26 baleados;
-Itaparica: 25 baleados; 
-Pojuca: 10 baleados.
 

Em relação aos bairros de Salvador com maior registro de baleados, Fazenda Grande do Retiro aparece em destaque; veja:

-Fazenda Grande do Retiro: 113 baleados;
-Beiru/Tancredo Neves: 105 baleados; 
-Lobato: 102 baleados; 
-São Cristóvão: 86 baleados; 
-Valéria: 79 baleados; 
-Águas Claras: 76 baleados; 
-Pernambués: 72 baleados.