Integrantes do MST invadem escritório de empresa em Maracás, na Bahia
Empresa alega que mantém diálogo com o movimento

Foto: Arquivo MST/BA
Mais de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, nesta terça-feira (2), o escritório da Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa), localizada na cidade de Maracás, na região da Chapada Diamantina.
A Ferbasa é uma empresa brasileira que atua nos setores de mineração, metalurgia e florestal, e possui diversas fazendas na Bahia e em outros estados do país. A empresa é uma das maiores produtoras de ferro ligas do Brasil.
O MST informou, por meio de nota, que a ação é uma forma de denunciar e pressionar a empresa para cumprir leis ambientais, sociais e efetivar um diálogo com as famílias do movimento, junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de chamar a atenção para a questão da reforma agrária no Brasil.
Desde 2016, o MST na Bahia denuncia as irregularidades da Ferbasa na região da Chapada Diamantina. “A empresa tem cometido diversos crimes na região e não garante emprego para a população. O número de pessoas desempregadas é alarmante e os crimes que a empresa comete são muitos, como crime ambiental, como o deserto verde provocado com os monocultivos de eucalipto, a contaminação da água com venenos e o uso abusivo de agrotóxicos. Outra questão é a concentração de terras, sendo que quase 30% das áreas agricultáveis do município de Maracás/BA estão em posse da empresa”, afirma o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Por meio de nota, a Ferbasa disse que tem mantido diálogo com o MST e que a reforma agrária é um assunto que envolve diversos atores e não pode ser resolvido somente pela empresa.
"A Ferbasa rechaça veementemente a invasão da sua sede administrativa no município de Maracás, pois acredita que as negociações podem ser mantidas de forma pacífica e ordeira. Da mesma forma, manifesta preocupação em relação aos seus colaboradores, que ora estão impedidos de realizar suas atividades laborais", declarou a companhia.
Os manifestantes afirmaram que a invasão é por tempo indeterminado e só sairão da área ocupada depois que forem suspensas as reintegrações de posse de dois acampamentos ameaçados, além de efetivar uma reunião entre a Ferbasa, Incra e o Governo da Bahia.
Outras quatro fazendas das cidades de Boa Vista do Tupim, também na Chapada Diamantina, Jaguaquara, no sudoeste da Bahia, Juazeiro, no norte do estado, e Guaratinga, no extremo sul, estão ocupadas por integrantes do MST. Mais de 500 famílias estão em áreas consideradas improdutivas pelo movimento.