Interrogatórios sobre tentativa de golpe são retomados nesta segunda-feira (10) com ex-comandante da Marinha, Almir Garnier
Mauro Cid e Alexandre Ramagem prestaram depoimento no primeiro dia de sessão com os réus no STF.

Foto: Felipe Sampaio/STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta terça-feira (10), às 9h, os interrogatórios dos réus investigados por uma suposta tentativa de golpe de Estado. A sessão de ontem (9) foi encerrada pelo ministro Alexandre de Moraes após os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin.
Cid afirmou que o então presidente buscava indícios de fraude nas urnas e relatou pressão de militares da ativa por uma intervenção que o mantivesse no poder. Ele citou ainda a participação do general Walter Braga Netto nas articulações.
Já Ramagem negou qualquer uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigar o sistema eleitoral ou monitorar autoridades. Ele afirmou que a Polícia Federal teria feito uma associação equivocada entre o sistema israelense de geolocalização First Mile e o suposto plano golpista.
Além de Cid, Ramagem e Garnier, ainda prestarão depoimento nesta fase do processo:
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
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Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
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Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
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Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente
As audiências ocorrem no âmbito da Ação Penal 1028, relatada por Moraes.
Depoimento de Garnier pode esclarecer envolvimento das Forças Armadas na trama
Espera-se que o depoimento do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, traga esclarecimentos importantes sobre o papel das Forças Armadas na suposta tentativa de golpe de Estado. Como um dos principais líderes militares à época, Garnier pode detalhar se houve pressão ou envolvimento das instituições militares nas articulações para impedir a posse de Lula, além de confirmar ou negar participações em reuniões e discussões relacionadas ao plano.
O depoimento também deve ajudar a esclarecer a atuação das Forças Armadas diante das movimentações políticas e militares apontadas na investigação, especialmente em relação à defesa da ordem constitucional e da democracia. A fala pode ser decisiva para entender até que ponto os militares estiveram envolvidos ou foram usados para tentar manter Bolsonaro no poder.