Itamaraty anuncia negociações com EUA para acesso a fertilizantes do Irã

Tratativas acontecem devido às sanções colocadas pelo país norte-americano contra o asiático

[Itamaraty anuncia negociações com EUA para acesso a fertilizantes do Irã]

FOTO: Geraldo Magela/Agência Senado

Durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado nesta quarta-feira (6), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, afirmou que o Itamaraty segue negociando com o chefe do Departamento de Estado dos EUA, Anthony Blinken, uma trégua que permita a compra, por parte de empresas brasileiras, de fertilizantes do Irã.

As negociações acontece devido à sanções impostas pelos EUA contra o Irã. Em razão disso, as empresas brasileiras não se sentem seguras para adquirir fertilizantes iranianos.

O acesso aos fertilizantes iranianos acontece como uma forma de colaborar para que o Brasil não dependa do fornecimento de fertilizantes da Rússia, que vive um conflito com a Ucrânia e limitou as importações. Segundo França, o Irã possui um grande estoque de fertilizantes e tem a intenção de vender esse insumo para o Brasil.

"No Irã há um grande excedente de fertilizantes, mas os importadores brasileiros têm dificuldades para negociar. Na prática, o que fazemos com o Irã é um escambo, porque depositamos os recursos numa conta no Brasil, que é usada pelo Irã na compra de insumos médicos e alimentos. Por isso negocio com os Estados Unidos uma trégua temporária nesse embargo, para que empresas brasileiras possam negociar com o Irã sem sofrer represálias dos Estados Unidos.", disse.

"Os fertilizantes iranianos inclusive facilitam às empresas brasileiras atender melhor os mercados europeus e o dos próprios Estados Unidos. Vocês se lembram que há alguns anos até a Petrobras temeu abastecer um cargueiro iraniano atracado em Santa Catarina devido à possibilidade de represálias norte-americanas", acrescentou.

Já a presidente da CRE, senadora Kátia Abreu (PP-TO), definiu como "um absurdo" o Brasil, nas condições que possui, ter dependência externa de fertilizantes.

"É impressionante a hipocrisia aqui em torno dos fertilizantes. Temos água, solo, temperatura e tecnologia de ponta, mas não podemos produzir fertilizantes. Impomos uma insegurança alimentar monstruosa a nós mesmos ao não termos o principal insumo, que é jogar tudo na terra com a tecnologia que possuímos, mas sem fertilizantes. O ambientalismo é chave para o Brasil, mas desconsiderar a autonomia nos fertilizantes é complicado. Sem comida não se vive, não podemos fingir que nada está ocorrendo", protestou a senadora.

Em resposta à senadora, o chanceler destacou que o Brasil também vem negociando a compra de excedentes de fertilizantes do Canadá, da Nigéria e do Marrocos.


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