Jornal paraguaio destaca que Brasil ‘é a principal ameaça' no combate à Covid-19
Principais fronteiras seguem fechadas

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Com mais de 11 mil óbitos registrados em virtude da Covid-19, o Brasil virou motivo de grande preocupação e temor nos países vizinhos — levando aliados do presidente Jair Bolsonaro a colocar a afinidade política de lado e adversários na região a intensificar suas críticas ao líder brasileiro. O jornal paraguaio, Ultima Hora, estampou na capa o temor em conter a pandemia ratificando o Brasil como principal ameaça.
Assim que registrou os primeiros casos da doença, no início de março, o governo do presidente o Paraguai, Mario Abdo Benítez, fechou as fronteiras com o Brasil. Falando à BBC News Brasil de Ciudad del Este, um dos principais elos na fronteira entre os dois países, o vice-ministro de Atenção Integral à Saúde e Bem-Estar Social, Juan Carlos Portillo Romero, disse que a questão sanitária passou a ser a prioridade neste momento de pandemia.
"Os dois governos, do Paraguai e do Brasil, têm muita afinidade, mas a nossa preocupação agora é com a saúde dos paraguaios. O Brasil é uma preocupação pelo número de casos, mas estamos tomando todas as medidas preventivas", disse o vice-ministro.
Oficialmente, o Paraguai, de cerca de 7 milhões de habitantes, registrou, na segunda-feira, um dos mais baixos índices da covid-19 na região, com 724 casos confirmados e dez mortes.
Na sexta-feira (8), o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, afirmou que não tem previsão para a reabertura das fronteiras e afirmou que o Brasil é "a principal ameaça" na luta contra a pandemia. "Com o que o Brasil está vivendo, não passa por nossa cabeça a reabertura das fronteiras, já que talvez seja um dos lugares (o Brasil) onde há maior circulação da covid-19 e isso é uma grande ameaça para nosso país", destacou Abdo Benítez.
Na segunda-feira (11), a Argentina, que tem cerca de 40 milhões de habitantes, registrava 6.021 casos da doença e 305 mortes. Quase diariamente, emissoras de televisão locais, como a América TV, comparam os dados da Argentina e do Brasil, mostrando que a doença disparou no território brasileiro. O Brasil, disseram, "sem liderança clara neste combate e sem uma linha uniforme" contra a doença.
A preocupação com o aumento do número de casos da Covid-19 no Brasil inclui outros países fronteiriços como Uruguai, Bolívia, Peru e Colômbia. Peru e Colômbia compartilham o rio Amazonas com o Brasil e estão atentos ao que vem ocorrendo em Manaus, onde a quantidade de mortes e a falta de leitos, de insumos e até de locais para sepultamentos têm sido uma das principais notícias na América do Sul.