Levantamento da OIT emite alerta para impactos da pandemia no mercado de trabalho
Taxa de desemprego deve chegar a 12,3% na América Latina e Caribe

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Um relatório feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado na quarta-feira (1º) apontou que a pandemia provocada pela Covid-19 promove um impacto forte sobre o mercado de trabalho na América Latina e Caribe, com aumento sem precedentes do desemprego e queda histórica da ocupação.
A partir da projeção do Banco Mundial de uma redução da atividade econômica da região de 7,2% neste ano, a taxa de desemprego deve subir de 8% para 12,3%, um crescimento de cerca de 33% no índice registrado no ano passado.
Se o parâmetro for a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a queda do PIB da região, a taxa de desemprego pode chegar a 13% em 2020. Entre os países da região, o Chile informou desemprego de 11,2% no trimestre de março a maio. A região metropolitana de Lima, capital peruana, chegou a 13,1% em março deste ano.
Já a taxa de ocupação, que estava em 57,7% no ano passado, pode cair para 54,7% este ano, a depender do resultado da atividade econômica diante das consequências da pandemia.
Diante do cenário, a OIT defendeu a adoção de medidas urgentes de compensação não somente para mitigar a queda dos ingressos como para assegurar o custeio de bens e serviços específicos e mitigar os impactos de médio prazo na desagregação da demanda interna. Estados com alto grau de informalidade em sua composição da massa de trabalhadores experimentaram maiores dificuldades.
“Apesar de todas essas restrições, os países da América Latina e Caribe adotaram rapidamente um conjunto amplo de políticas para sustentar as empresas, os postos de trabalho e os salários dos trabalhadores e das famílias, especialmente aquelas da economia informal”, pontuam os autores.
Recuperação
Segundo o levantamento, os impactos evidenciam a complexidade do desafio que os governos da região enfrentam para mitigar os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho e para retomar não somente os níveis de atividade econômica como os postos e índices de remuneração da força de trabalho.
“A experiência mostra que a recuperação dos níveis históricos [de ocupação] leva tempo. Por exemplo, o ajuste estrutural e reconfiguração econômica da década dos 1990 implicaram em 23 anos para recuperar os valores mínimos de desemprego do início desta década”.