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Mais de 10 milhões de hectares de florestas públicas na Amazônia estão sob risco de grilagem

Relatório mostra que áreas sem destinação respondem por 80% do desmatamento registrado em 2025

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Mais de 10 milhões de hectares de florestas públicas na Amazônia estão sob risco de grilagem

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, revela que cerca de 10,2 milhões de hectares de florestas públicas não destinadas na Amazônia enfrentam alto risco de grilagem. O alerta é do Observatório das Florestas Públicas, iniciativa que reúne o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e o movimento Amazônia de Pé.

Segundo o estudo, de janeiro a abril deste ano, 80% de todo o desmatamento no bioma ocorreram nessas áreas ainda sem destinação oficial, ou seja, que não foram definidas como unidade de conservação, terra indígena, território quilombola ou passíveis de regularização fundiária, conforme previsto na legislação ambiental.

O relatório aponta que abril teve um salto expressivo no ritmo de destruição da floresta: o desmatamento cresceu 192% em comparação com março e 229% em relação a abril de 2024. Além disso, foram detectadas queimadas em 37.719 hectares de florestas públicas não destinadas, sendo 68% em áreas federais e 31% sob gestão estadual.

As regiões mais afetadas pelas perdas de cobertura vegetal estão nos estados do Amazonas, Pará e Roraima. As florestas públicas não destinadas representam atualmente 50,2 milhões de hectares, uma área equivalente ao estado da Bahia, e estocam cerca de 5,2 bilhões de toneladas de carbono.

O estudo também chama atenção para a sobreposição de registros privados no Cadastro Ambiental Rural (CAR): 32,7 milhões de hectares estão registrados como áreas de particulares, mesmo sendo florestas públicas. Desses, 10,2 milhões estão em nome de propriedades com mais de 15 módulos fiscais, o que indica possível ocupação irregular por grandes grupos.

“Desmatar grandes áreas custa caro, ou seja, esse tipo de desmate pode estar ligado a grupos capitalizados ‘de olho’ em uma área e que, futuramente ou com brechas na legislação, tomam posse”, afirmou Rebecca Lima, coordenadora do Observatório e pesquisadora do Ipam.

Os especialistas reforçam que, além de anular os registros irregulares no CAR, é urgente avançar no processo de destinação dessas áreas, para conter os crimes ambientais e combater as mudanças climáticas. “A proteção dessas áreas antes da COP30 é a oportunidade que o Brasil tem de chegar ao encontro apresentando esse bom exemplo ao mundo”, destacou Daniela Orofino, diretora do Amazônia em Pé.

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