Mauro Vieira e Marco Rubio se encontram no Canadá para discutir tarifas
Chanceler disse ter avisado ao diplomata americano que Brasil enviou proposta para negociar taxa de importação de 50%

Foto: Embaixada do Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se encontrou nesta quarta-feira (12), com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, às margens da cúpula do G7, no Canadá. Ao longo da conversa, de acordo com pessoas ligadas às negociações, o brasileiro teria informado que o Brasil encaminhou no dia 4 de novembro uma proposta para negociação das tarifas de importação de 50% que pesam sobre os produtos brasileiros.
A reunião segue, após o encontro no dia 26 de outubro, entre os presidentes Lula (PT) e Donald Trump, na Malásia, que foi encerrado com saldo positivo e criação de um cronograma de reuniões para discussão de um acordo "satisfatório" a respeito das tarifas.
Na última terça-feira (11), Trump disse, em entrevista à Fox News, que tem intenção de diminuir "algumas tarifas" sobre a importação de café para os Estados Unidos. Contudo, o republicano não detalhou os países que seriam afetados.
“Nós vamos baixar algumas tarifas sobre o café, e vamos ter algum café entrando”, disse o presidente americano. O Brasil é um dos maiores fornecedores de café aos EUA e, desde agosto, sofre com sobretaxa de 50% na venda de produtos ao país americano.
Desde a imposição da tarifa, o preço médio do café brasileiro nos EUA aumentou aproximadamente 40%, tornando-se menos competitivo em comparação com Honduras e Vietnã. A mudança levou importadores americanos a renegociar contratos e diminuir compras de blends brasileiros, tradicionalmente utilizados por grandes torrefadoras e redes de cafeterias.
Relação conturbada
A relação entre os dois países ficou conturbada depois dos EUA aplicarem tarifas a produtos brasileiros e sanções a autoridades nacionais em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe. Anteriormente expostas a uma taxa de 10%, mercadorias do Brasil receberam alíquotas americanas no valor de 50%. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sancionado com a Lei Magnitsky e outros magistrados, além de ministros, perderam o visto americano, resultado da articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com a Casa Branca.
A justificativa de Washington disse que as ações do governo brasileiro eram uma ameaça à segurança nacional, pois prejudicavam “empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”. O governo brasileiro afirmou que não aceitaria interferência, com o chanceler Mauro Vieira dizendo que a soberania brasileira “não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis”.


