Megaoperação mira rede de estupros virtuais, torturas, misoginia e racismo; mandados são cumpridos na BA e outros 7 estados
Até a publicação desta reportagem, quatro pessoas foram presas pela Polícia Civil

Foto: Polícia Civil do Rio de Janeiro
Mandados de prisão, busca e apreensão são cumpridos na Bahia e em outros sete estados, nesta segunda-feira (30), em megaoperação da Polícia Civil contra uma organização criminosa envolvida em crimes de extrema violência contra a mulher através da internet. Até o momento, quatro pessoas foram presas.
As investigações apontam que os alvos utilizavam plataformas online, como o Discord, para cometer estupros virtuais, torturas, misoginia e racismo contra as vítimas.
Os mandados judiciais são cumpridos em Caxias e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina e São Paulo. As cidades onde os suspeitos foram localizados não foram detalhadas.
A Operação Abbraccio, foi planejada a partir de uma denúncia feita em abril deste ano pela mãe de uma das vítimas. A mulher buscou a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias (RJ), para relatar que imagens íntimas da filha estavam sendo divulgadas.
Durante a investigação, a polícia descobriu uma rede criminosa com dezenas de outras vítimas. Os crimes eram transmitidos online e, em alguns casos, a gravação era posteriormente exposta na internet. De acordo com a Deam de Duque de Caxias, o grupo forçava as vítimas a atos violentos ou a se mutilar com navalhas, fazendo-as escrever os nomes dos autores na própria pele. Até o momento, seis mulheres foram identificadas.
Um dos integrantes do grupo foi preso em abril. Através da perícia de cerca de 80 mil imagens, vídeos e áudios encontrados em dispositivos eletrônicos, foi possível chegar aos demais envolvidos e as lideranças. A Polícia Civil destaca que o material apreendido demonstra a frieza com que os criminosos tratam o sofrimento e a vida humana.
Além das prisões, a operação busca apreender celulares, computadores e mídias digitais capazes de comprovar os crimes praticados e ampliar o mapeamento da rede criminosa.
O material apreendido será analisado e poderá embasar novas ações, além de responsabilizações penais e civis.