Mercado náutico: alta reflete em demanda por vagas
Decisão de comprar barcos gera procura por marinas

Na contramão da economia mundial, que teve retração em 2020 afetada pelos reflexos da pandemia de Covid-19, o mercado náutico se beneficiou pelo novo estilo de vida imposto à população. A necessidade do isolamento social e o fechamento dos aeroportos levaram as pessoas a procurar no mar uma forma de lazer seguro.
As vendas de barcos apresentaram um crescimento de 20% em 2020, se comparado ao ano anterior, conforme dados da Associação Brasileira de Barcos (Acobar). Os reflexos do aquecimento do mercado náutico foram sentidos por diversos setores, como estaleiros e marinas, e se mantém em 2021.
Em março, na Marina Itajaí, localizada no litoral norte de Santa Catarina, a média de ocupação das vagas molhadas foi de quase 100%. No mesmo período do ano passado, a ocupação média ficou em 75%. “Durante a pandemia percebemos que houve uma maior procura por vagas. As pessoas buscaram no mar um refúgio seguro, uma forma de lazer, respeitando o isolamento social”, comenta o diretor da Marina Itajaí, Carlos Gayoso de Oliveira.
No ano passado a Marina Itajaí precisou expandir o número de vagas para atender à crescente demanda, que em 2020 foi 20% maior que em 2019. Aumentou em 40 a oferta de vagas que atualmente é de 355, sendo 155 vagas secas e outras 200 em vagas molhadas. “Temos previsão de crescimento não só na área náutica, mas na área imobiliária e social, onde buscaremos trazer mais operações segmentadas e qualificadas, para sermos referência na parte de turismo e entretenimento na região”, explica Oliveira.
Barcos cada vez maiores
E não foi só a procura pelas vagas que aumentou no último ano. Segundo Oliveira, o tamanho médio das embarcações também cresceu. “Quando a Marina iniciou as atividades o mercado náutico estava em recessão, então tínhamos poucos barcos acima de 60 pés, nosso maior número de clientes tinha embarcações de pequeno e médio portes. Com a retomada gradativa da náutica, muitos estaleiros redefiniram a gama de modelos e apostaram em embarcações maiores, então quando o mercado de fato reaqueceu, consequentemente tivemos procura por vagas maiores”, destaca Oliveira.
Alguns gigantes do mar já aportaram na Marina, inclusive um com 171 pés (53 metros) e calado de 3,15m. O iate Deniki, construído pelo estaleiro holandês Amels, bandeira de Malta, foi o maior barco que a Marina recebeu até o momento.
Em cinco anos de operação, mais de mil embarcações já passaram pelo cais da Marina Itajaí. Dessas, em torno de 50 são estrangeiras, posicionando o complexo náutico como lugar estratégico para receber visitantes de outros países. “Cerca de 10 veleiros são clientes fixos da marina que vem todo o ano para fazer manutenção e passar uma temporada no complexo náutico”, comenta o diretor.


