Minerais críticos podem se tornar instrumentos essenciais para negociações entre EUA e Brasil em decorrência do tarifaço
Governo estadunidense já havia expressado interesse no mercado de minerais críticos brasileiros no final do mês de julho

Foto: Reprodução/TV Brasil
Com o início da vigência do tarifaço de Trump contra o Brasil, nesta quarta-feira (6), os minerais críticos brasileiros podem se tornar elementos estratégicos em negociações entre Brasil e Estados Unidos (EUA). No dia 24 de julho, os EUA já havia expressado interesse nos materiais, que integram o programa "Mineração para Energia Limpa (MEL)".
Embora outros países também possuam minerais críticos, como a China, que atua com refino de 19 dos 20 minerais considerados críticos no mercado global, com cerca de 70% da participação, os EUA também apresenta interesse no material brasileiro, principalmente como estratégia para não ser dependente de apenas uma fonte, o que tornaria as cadeias industriais mais vulneráveis.
Além de apresentar um mercado mais diverso, o Brasil também é o país que possui a maior reserva de nióbio do mundo, a segunda maior de grafite e terras-raras e a terceira maior de níquel.
Especialistas indicam que o interesse dos EUA pelos minerais brasileiros representam uma oportunidade de obter contrapartidas comerciais, com acesso a novas tecnologias e investimentos em beneficiamento, através do processamento externo.
O tarifaço de Trump, que entrou em vigor nesta quarta, inclusive, isenta da tarifa adicional de 75% os minérios exportados ao mercado americano, como ferro, nióbio, ouro e rochas ornamentais, o que comprova o interesse do governo estadunidense pelas mercadorias.
Embora os minerais citados anteriormente tenham ficado isentos das tarifações, demais minérios como maganês, cobre, vanádio, bauxita e caulim foram incluídos na lista de sobretaxa, com cerca de 24,4% das vendas brasileiras tendo sido afetadas.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, prevê que a pauta de minerais críticos deve fortalecer a relação bilateral entre os países, e afirmou que o Ministério de Minas e Energia atua para lançar até novembro, a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, para valorizar e fortalecer a indústria nacional no eixo.
O setro privado também busca se posicionar. Uma ação conjunta da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AmCham Brasil) e da U.S. Chamber of Commerce revela cinco pontos prioritários para aprofundar a parceria. São eles:
-Plano de ação para diálogo bilateral sobre minerais estratégicos, com metas claras e previsibilidade;
-Expansão do mapeamento geológico, com cooperação técnica entre serviços geológicos dos dois países;
-Financiamento conjunto de projetos, usando instrumentos do BNDES, da Corporação Financeira de Desenvolvimento dos -EUA (DFC) e do Exim Bank americano;
-Parcerias tecnológicas para processamento e inovação em usos industriais;
-Sustentabilidade e rastreabilidade, com padrões ambientais alinhados à ISO 14001.
A previsão de investimentos para o setor mineral no período 2025-2029 é de US$ 68,4 bilhões, dos quais US$ 18,45 bilhões destinados a minerais críticos.