Ministro Luiz Ramos: "Os Dez Mandamentos tem o “Não Roubarás” mas não tem o “Não falarás palavrão”

Em entrevista, Ministro da Secretaria Geral de Governo fala sobre o presidente Bolsonaro

[Ministro Luiz Ramos:

FOTO: Presidência da República

Em entrevista à CNN na noite deste sábado, o Ministro da Secretaria Geral de Governo, Gen. Luiz Eduardo Ramos, falou sobre o presidente Jair Bolsonaro, vários temas e tentou esclarecer alguns tópicos que foram amplamente discutidos no decorrer da semana que passou. Segundo o Ministro, a “aparente calma e a intensa movimentação de bastidores” não teve absolutamente nada de anormal: “Essa tranquilidade que é dita, é uma questão de leitura”, começou Ramos. “Como diz meu amigo Paulo Guedes, a democracia brasileira é barulhenta, ela faz ruído, porque o nosso povo tem esta característica. Então, o que ocorreu antes de manifestações ou outros atos, não representa nenhum agravamento, como esta semana, e nenhuma tranquilidade. São coisas normais da democracia. E o Palácio do Planalto, na figura do presidente Bolsonaro, que foi eleito democraticamente e tem um respeito enorme pela democracia, procura sempre cumprir tudo para que ela se mantenha. Inclusive o presidente sempre se opôs a manifestantes que tentam, de alguma, forma falar sobre pautas antidemocráticas. Uma vez no Palácio da Alvorada, uma pessoa, em uma frase infeliz, manifestou sobre possível fechamento do Congresso e o presidente imediatamente, o repreendeu. O presidente, assim como todos nós que estamos no governo, preza, e muito, pela democracia”.

O ministro também aproveitou para explicar porque o presidente Jair Bolsonaro as vezes parece tenso ao responder questões com a imprensa: “Se você me permite repetir o que eu já falei em outras ocasiões, o presidente reage, ele é uma pessoa reativa. Inclusive gostaria de esclarecer que o presidente Jair Bolsonaro era um Capitão do Exército, que saiu do Exército, não foi expulso como muitos publicam por aí. A vida pregressa do presidente não tem nada de errado como Oficial do Exército. Quando ele foi eleito, ele não era aceito no Congresso Nacional por ser militar e nem pelos militares, por ter se tornado político. Então, ele ficou em uma situação “sozinho”, só ele e Deus. Ele era sozinho contra forças de esquerda violentas que sempre atacaram ele, e ele sempre se defendeu. O problema é que atacam ele, fazem atitudes que o atingem, atacam a família dele e aí, ele reage, como qualquer um de nós reagiria. É característica dele. Ele é um homem de embate, é um homem que tem uma coragem moral que eu muito admiro e ele não foge a este embate.”.  Questionado se a presença de militares no governo não teria algum significado, Ramos foi enfático em falar que não, que todos os militares que estão no governo são profissionais: “Veja bem, vou falar algo que o Gen. Heleno, fala e que ele abomina: Não existe “ala militar”. Raramente eu vejo o Heleno, pouco encontro, a não ser em reuniões matinais. O Gen. Braga Neto, que está agora na Casa Civil é um grande amigo, me ajuda demais com o cargo que ocupa. Nós fomos militares, mas agora estamos aqui como cidadãos trabalhando pelo Brasil, assim como tem médicos, engenheiros, jornalistas e outras carreiras que também trabalham para o governo. Eu vejo como positiva a presença de militares no governo. A nação gastou muito dinheiro conosco ao longo de nossas vidas. A maioria dos militares fez cursos no Brasil e no exterior pagos pelo governo, tem mestrado, doutorado, pós doutorado. Isso foi dinheiro da nação, do povo. Então, porque não usa-los com essa capacidade retribuir, trabalhando para o atual governo?”.

Perguntado sobre a tensão com o STF, o ministro Luiz Ramos explicou porque o incomodo com a expressão usada pelo ministro Celso de Mello para convocar os militares do governo para irem depor sobre o inquérito que avalia o vídeo da reunião ministerial e a reação do Gen. Heleno: “ Sobre o fato do Celso de Mello chamar para depor “debaixo de vara”, eu estaria sendo falso se dissesse que não me incomodou. Incomodou mas não como militar ou general,  incomodou como cidadão. Eu não tenho nenhum processo ao longo da vida, sou um homem honrado, um homem de bem, pai de família de 64 anos, assim como o Gen. Braga Neto e assim como o Gen. Heleno. No momento que fui chamado à justiça, até pela minha formação militar de sempre seguir as normas, seguir a constituição, eu vou. Mas a expressão “debaixo de vara” não foi boa, foi infeliz, foi uma expressão que não precisava e me dá o direito de fazer a leitura de que houve alguma intenção ali sim, não sei, não vou julgar. Mas me dá o direito de me incomodar. Foi um desrespeito. E sobre a reação do Heleno, de dizer que “consequências imprevisíveis para estabilidade nacional poderiam acontecer” vamos voltar ao que eu já falei: Toda ação causa uma reação. O pedido para apreender o celular do presidente veio de políticos do PT e do PSOL, e fizeram a solicitação prevista na legislação, solicitando que o celular do presidente da república fosse apreendido. Com todo respeito ao STF: só no Brasil. Não que o presidente seja acima da lei ou algo deste tipo, mas é um instrumento de trabalho que envolve a segurança nacional. O presidente fala com outros presidentes, com ministros, daqui e de outros países. E qual foi o motivo para pedir o celular do presidente? Não havia nenhum motivo e houve uma ação exagerada, a meu ver, nesta decisão do Supremo Tribunal Federal. E o ministro Heleno é o responsável pela segurança institucional e não pregou a ruptura democrática na nota dele, em hipótese alguma. Ele alertou para a reação das pessoas que seguem o presidente Bolsonaro. Até porque, sobre risco de ruptura institucional, é impensável e até ofensivo pensar em ruptura. O presidente Bolsonaro jamais pensou nisso porque foi eleito democraticamente e não precisa pensar nisso. Sobre intervenção militar, há o imaginário do povo somente. Quem fala em intervenção militar ofende as forças armadas, ofende uma instituição, em particular o Exército, que tem valores sagrados e democráticos. Eu estava comandando São Paulo e na época o ex-ministro Raul Julgman falou uma frase muito pertinente: “Quem fala de intervenção militar, não conhece os militares brasileiros, ofende os militares.” É um pensamento ultrajante e ofensivo pensar que as forças armadas possam partir para uma aventura destas. Agora também é preciso pontuar: estes mesmos valores democráticos que nós sabemos que são sagrados, sabemos que é preciso que todas as outras instituições respeitem o presidente da república, que teve 57 milhões de votos. Então, não podemos imaginar que alguma manobra jurídica casuística possa querer tirar o presidente democraticamente eleito pelo povo, da cadeira que ele está. Até agora não há nada, não há um único crime de corrupção nestes um ano e cinco meses de governo, o presidente tem pautado, como mostra no vídeo que foi vazado com autorização do STF, autenticidade, coragem e preocupação com o povo. Algumas pessoas criticaram a reunião porque ele fala muito palavrão, mas é aquilo: preferimos que ele fale palavrão do que seja ladrão. Acaba sendo uma boa característica. Inclusive, comentamos entre nós que os Dez Mandamentos tem o “Não Roubarás” mas não tem o “Não falarás palavrão”, terminou o ministro.  

 


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