Moraes pede extradição de seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro, denunciado pela PGR
Solicitação foi feita ao Ministério da Justiça oito dias antes de Tagliaferro ser denunciado

Foto: Reprodução
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pediu ao Ministério da Justiça a extradição de Eduardo Tagliaferro, seu ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), denunciado por atuar contra a investigação de atos antidemocráticos. Tagliaferro mora atualmente na Itália.
A solicitação foi feita no dia 14 de agosto, mas só foi divulgada neste sábado (23). Na quarta-feira (20), Ministério da Justiça encaminhou o pedido ao Ministério das Relações Exteriores, para formalização junto ao governo da italiano.
Dois dias depois, na sexta-feira (22), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Tagliaferro ao STF sob a alegação de que ele agiu contra a legitimidade do processo eleitoral e atuou para prejudicar as investigações de atos antidemocráticos.
O ex-assessor de Moraes é acusado dos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolve organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PGR, Tagliaferro vazou à imprensa e tornou públicos diálogos sobre assuntos sigilosos que manteve com servidores do STF e do TSE, na condição de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação da Corte Eleitoral.
Em abril, a Polícia Federal indiciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública. Tagliaferro alega ser vítima de uma perseguição política.
Na avaliação de procurador-geral da República Paulo Gonet, os índicos reunidos pela Polícia Federal indicam que ele agiu para atender a interesses pessoais e ainda de os de um grupo que atua contra a democracia.
Gonet afirmou ainda que Tagliaferro vem atuando em conjunto com outros investigados que fugiram com o objetivo de "potencializar reações ofensivas contra o legítimo trabalho das autoridades brasileiras responsáveis pelas investigações e ações penais que seguem em curso regular".
No último dia 30, o ex-assessor de Moraes afirmou em suas redes que revelaria os bastidores de seu gabinete. Em post, Tagliaferro disse que tem "bastante coisa" contra o ministro, que, segundo ele, "destruiu sua vida e de várias pessoas".
O próximo passo tomado pelo STF será abrir o prazo para que a defesa de Tagliaferro se manifeste sobre a acusação da Procuradoria. Na sequência, a Corte deve decidir se torna o ex-assessor réu.
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