Hamilton Mourão afirma que "não houve nada de irregular ou ilegal" em conversa com Bolsonaro antes de depor à PF
Senador terá que depor novamente após a PGR identificar indícios de que ele pode ter alterado o depoimento sobre a trama golpista por influência de Bolsonaro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Hamilton Mourão (Republicanos-RS) se manifestou nesta quarta-feira (4) sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou um novo depoimento do senador à Polícia Federal no prazo de 15 dias, em atendimento a um requerimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Ação Penal 2668, que investiga a conduta de Jair Bolsonaro. O ex-presidente teria telefonado para Mourão antes de o general da reserva ser ouvido em sessão conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Sobre a ligação, Mourão afirmou em nota
"Em momento algum fui constrangido, ameaçado ou recebi alguma insinuação que pudesse, de alguma forma, influenciar meu depoimento que, registro, foi a expressão da verdade em cada palavra, ratificando-o integralmente", disse o ex-presidente. "O ex-Presidente entrou em contato comigo, dias antes da data marcada pelo STF, me consultando se concordaria em depor como testemunha de defesa e se na data designada pela Corte seria possível", continuou.
Solicitação da PGR
A PGR vai investigar a denúncia de que Bolsonaro teria feita uma ligação para Mourão no dia 23 de maio, para influencia-lo no depoimento, ou seja, para que ele dissesse que o ex-presidente nunca teve nenhuma participação ou fez alguma menção ao golpe de estado.
Na petição que foi mandada para o STF, a PGR afirmou que a conversa pode ser qualificada como tentativa de constrangimento, intimidação ou coação de testemunha.
“A notícia traz à tona a possibilidade de que a testemunha tenha sido submetida a constrangimento, intimidação ou qualquer forma de coação em relação ao teor de seu depoimento”, disse a PGR no documento enviado para o STF.
Diante desse fator, o Ministério Público pediu a oitiva de Mourão para investigar os fatos. O ministro Alexandre de Moraes também aprovou a solicitação e estabeleceu que a PF tome o depoimento de Mourão.