O chefe da agência de assistência alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU), o Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês), David Beasley, alertou em entrevista ao jornal The Guardian, que o mundo está enfrentando fome generalizada "de proporções bíblicas" em virtude da pandemia causada pela Covid-19. Ele destacou que há pouco tempo disponível para agir antes que centenas de milhões passem fome. 

"Não estamos falando de pessoas que vão dormir com fome. Estamos falando de condições extremas, situação de emergência. Pessoas literalmente marchando à beira da fome. Se não conseguirmos comida para as pessoas, as pessoas vão morrer", disse Beasley.

Um relatório feito pela ONU, em parceria com outras organizações, atesta que pelo menos 265 milhões de pessoas estão sendo levadas à beira da fome em virtude da crise mundial causada pela pandemia.

Em 10 desses países já são mais de 1 milhão de pessoas afetadas pela fome, de acordo com Beasley. "Nenhuma dessas mortes iminentes por fome é inevitável. Se conseguirmos dinheiro e mantivermos as cadeias de suprimentos abertas, poderemos evitar a fome", pontuou. "Podemos parar com isso se agirmos agora."

Na terça-feira, 21, o diretor falou aos membros do Conselho de Segurança da ONU, alertando os líderes mundiais que se faz necessária uma ação rápida para que a situação não se deteriore ainda mais. Ao fim, Beasley pediu o adiantamento de US$ 2 bilhões (aproximadamente de R$ 10 bilhões e 700 mil) em ajudas prometidas para que seja possível chegar à linha de frente.