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Nevou: platinar o cabelo é a tradição do final de ano que marca as comunidades

O estilo ‘nevou’ e ‘loiro pivete’ surgiu de grandes nomes do pagode e marcaram gerações

Por Laís Lopes
Nevou: platinar o cabelo é a tradição do final de ano que marca as comunidades
Foto: Reprodução / Ana Lee

Tradicionalmente no final do ano em Salvador e diversas outras cidades, os meninos e meninas de comunidades periféricas entram na moda do ‘nevou’ e do ‘loiro pivete’. O estilo que antes era marginalizado, surgiu dos clássicos cantores de pagode dos anos 2000, que surpreenderam o público na época ao aparecerem de cabelos loiros descoloridos. A partir daí o ‘loiro pivete’ se tornou uma febre.

 


Cantores de pagode Belo e Rodriguinho - Reprodução/ Redes Sociais

Artistas como Belo e Rodriguinho ditaram a tendência que é reproduzida até hoje por adultos e crianças, e uma das primeiras cidades a aderir a moda foi o Rio de Janeiro. Inicialmente o ‘loiro pivete’ era falado de forma pejorativa, fazendo ligação direta à criminalidade, mas com o passar do tempo o nome foi ressignificado e ganhou inclusive diversos memes na internet que ilustram embalagens de tinta de cabelo.

 


Memes famosos das tintas 'loiro pivete' - Reprodução/ Internet

Pouco tempo depois do loiro, uma nova moda surgiu: Nevou! Diferente do amarelo vibrante do ‘loiro pivete’, a ideia do ‘nevou’ é platinar os fios deixando brancos como a neve. Por ser mais comum nas festas de final de ano, este também é o período perfeito em que os barbeiros costumam lucrar com os clientes.

Edson Neves, de 31 anos e morador do bairro de Brotas, é barbeiro há 10 anos e destaca que a tendência ajuda a movimentar a economia dentro das favelas, e que os clientes costumam se orgulhar dos novos cabelos se sentindo representados culturalmente.

"Antes essa cor de cabelo era marginalizada, mas agora ganhou um novo significado. Se tornou a marca das favelas, uma forma divertida de mudar de visual. Quando eu termino um cabelo, o retorno do cliente é sempre positivo", disse.

Neste caso, todo cuidado é pouco. Edson atende crianças e adolescentes e reforça que é importante ter cautela na hora de descolorir, já que o procedimento tende a ser bem agressivo ao couro cabeludo.

"Esse procedimento é difícil porque arde bastante. Não dá para tratar um cliente de 20 anos da mesma forma que trato um de 15. Eu sempre tomo cuidado com o tempo do produto do cabelo, com os olhos e com o pós-pintura. Usamos um produto que ajuda a ‘acalmar’ o couro cabeludo depois da descoloração, hidratar o cabelo e evitar danos prejudiciais", afirmou.

Reprodução/ Ana Lee

Vitor Ribeiro de 19 anos é cliente de Edson, e vai descolorir o cabelo pela segunda vez. Vitor conta que decidiu entrar na moda por se identificar com a tendência.

"Eu acho legal. Uns amigos meus já faziam e no início eu achei meio diferente. Mas depois que observei várias pessoas fazendo ao longo dos anos, comecei a enxergar como uma marca. Não era comum eu ver isso no Horto Florestal onde eu trabalhava, mas quando eu chegava em casa eu via na minha comunidade e achava divertido", contou.

No dia-a-dia dos bairros populares, as frentes das casas e das barbearias costumam mostrar cenas quase iguais: meninos pintando os cabelos e aguardando o tempo de ação do produto, enquanto se divertem uns com os outros. A tendência do ‘nevou’ e do ‘loiro pivete’, nasceu da necessidade de trazer um novo significado sobre estereótipos que são colocados nas periferias das cidades.

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