Novas metas do Brasil para o Acordo de Paris permitiriam mais emissões de gases do efeito estufa, aponta observatório
Metas foram anunciadas pelo Ministério do Meio Ambiente na última terça-feira (8)

Foto: Reprodução/Agência Brasil
A nova meta climática apresentada pelo Brasil ao Acordo de Paris na terça-feira (8) deve permitir ao país chegar a 2030 emitindo 400 milhões de toneladas de gases do efeito estufa a mais do que o previsto na meta original, segundo uma análise do Observatório do Clima, rede de 56 organizações da sociedade civil. A meta, agora atualizada pelo Ministério do Meio Ambiente, foi definida em dezembro de 2015, quando o Acordo de Paris reuniu países que aceitaram se comprometer com o esforço de limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
De acordo com o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, o ministério manteve na meta o mesmo percentual de redução definido cinco anos atrás: reduzir em 43% as emissões até 2030. Entretanto, não considerou a atualização do relatório chamado "Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa", que é editado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e é a fonte do valor absoluto de emissões de gases usado no cálculo é a fonte do valor absoluto de emissões de gases usado no cálculo.
"A meta de redução de 2015 era baseada no Segundo Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Já a meta atual tem como base o Terceiro Inventário, que atualizou o valor absoluto dos gases emitidos em 2005 de 2,1 bilhões de toneladas para 2,8 bilhões de toneladas de gases emitidos", diz Astrini. Com a revisão, o valor absoluto de gases emitidos em 2005 foi ajustado de 2,1 bilhões de toneladas para mais de 2,8 milhões de toneladas. Na prática, a nova meta apresentada pelo ministro, com a mesma taxa de redução, vai permitir que o Brasil emitir 1,6 milhões de toneladas no mesmo período.
Além da meta que estipula um percentual de redução nas emissões até 2030, o Brasil ainda tem a pretensão de chegar em 2025 com redução de 37% em relação aos níveis de 2005. Para atingir tanto a meta de 2030 quanto a de 2025, o governo anunciou compromissos como o de zerar o desmatamento ilegal até 2030, reflorestar 12 milhões de hectares e assegurar 45% de fontes renováveis na matriz energética nacional, mas não informou um plano detalhado de como vai executar tais ambições.