Novo acelerador de partículas brasileiro gera primeiras imagens
Com o Sirius, a tomografia de raio-x de uma rocha levará apenas um segundo

Foto: Divulgação/ Rovena Rosa/Arquivo Agência Brasil
As primeiras imagens de microtomografia de raio-x do novo acelerador de elétrons brasileiro, o Projeto Sirius, foram geradas no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) na última semana.
A equipe do centro já realizou as primeiras análises, utilizando o raio-x de duas amostras: uma rocha com a mesma formação do pré-sal e outro do coração de um camundongo.
O Projeto é o único acelerador de partículas desse porte na América Latina e o segundo o CNPEM, e já despertou interesse de pesquisadores e dos países vizinhos.
“Essas foram as primeiras imagens feitas com essa nova máquina, então é um importante marco no projeto porque a gente consegue comprovar que a máquina está funcionando bem. Ela foi inteira projetada e montada aqui no Brasil”, disse Nathaly Archilha, pesquisadora que lidera as primeiras análises.
Financiado pelo Ministério de Ciência Tecnologia novações e Comunicações (MCTIC), o Sirius, através de suas imagens, vão guiar os ajustes necessários para que a luz síncroton, produzida pelo equipamento, atinja a qualidade exigida para a realização de experimentos científicos considerados de alto nível.
Ainda de acordo com o CNPEM, a luz síncroton consegue penetrar a matéria e relevar características de sua estrutura molecular e atômica. O espectro dessa radiação permite que os pesquisadores utilizem os comprimentos de ondas adequados para cada experimento.
A pesquisadora contou que, no antigo acelerador do CNPEM, demorava cerca de uma hora para fazer uma tomografia de raio-x de uma rocha, no caso específico de seus estudos. “No Sirius, vamos fazer em um segundo a mesma medida. Basicamente é uma melhor resolução espacial, você consegue estudar características menores da sua amostra e de forma muito mais rápida”.
Os pesquisadores ainda poderão, por meio do Sirius, revelar detalhes de variados materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, solos, e ligas metálicas. O que podem causar impacto nas tecnologias usadas para a produção de alimentos, energia, medicamentos e de materiais sustentáveis.