Número de beneficiários de transferência de renda dobra no Brasil durante pandemia
Em algumas cidades, a parcela da população que recebe o auxílio chega a 90%.

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A injeção de mais de R$ 150 bilhões na proteção dos mais vulneráveis por causa da pandemia do coronavírus mudou não apenas a geografia das transferências de renda nos municípios brasileiros, como, em algumas cidades, aqueceu o consumo, em uma economia que deverá terminar o ano com a maior retração em 120 anos. De acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo, com base em dados do Ministério da Cidadania mostra que o auxílio emergencial atingia, no fim de abril, em média, 25% da população dos 5.570 municípios brasileiros.
Em algumas cidades, a parcela da população que recebe o auxílio chega a 90%. O crescimento da base de atendidos foi registrado em todas as regiões do país, mas não mudou a lógica da distribuição que ocorria com o Bolsa Família: quanto mais pobre o município, maior a cobertura. O auxílio, contudo, ganhou peso também em cidades mais desenvolvidas.
Com a expansão da cobertura social e o anúncio da prorrogação do pagamento do auxílio, o programa começa a ser visto como um mecanismo de aquecimento da economia no segundo trimestre do ano, quando as previsões são de um tombo de mais de 10% no PIB. Economistas destacam o chamado efeito multiplicador do benefício: com mais dinheiro, há mais consumo, o que gera arrecadação para o estado. Mesmo com o desemprego e a queda da renda, são os mais pobres que têm maior propensão ao consumo.
"Quanto mais para o pobre for a transferência, maior o ganho para a macroeconomia, se você tem uma capacidade ociosa", explica o pesquisador Marcelo Neri, diretor da FGV Social, ressaltando que cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB. Neri afirma que, apesar do efeito do auxílio ser menor no PIB, o recurso fará diferença nas cidades menores, onde já há grande dependência dos programas de transferência de renda.


