Número de brasileiros em Portugal cresce 23% em 6 meses e bate recorde
O número de brasileiros no país já é 210% superior ao de 2016, quando havia 81.251 residentes legais

Foto: Pexels
A população brasileira que reside legalmente em Portugal chegou ao recorde de 252 mil pessoas. A partir das chegadas e regularizações ocorridas nos primeiros seis meses deste ano, o número de hoje representa um crescimento de 23,1% em relação aos dados do fim do ano passado.
O SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) emitiu, entre janeiro e junho, cerca de 47,6 mil novas autorizações de residência para cidadãos do Brasil —que representaram mais de um terço dos 133 mil documentos concedidos pelo órgão migratório português no período. Os dados, ainda provisórios, foram revelados pelo jornal Diário de Notícias e confirmados pela Folha.
De acordo com as informações divulgadas, a maior parte das autorizações de residência emitidas em 2022 é possivelmente de pessoas que já viviam em Portugal há bem mais tempo.
A estatística não inclui quem tem dupla cidadania de Portugal ou de outro país da União Europeia nem quem está no país de forma irregular. Ainda assim, pelos dados do governo, o número de brasileiros no país já é 210% superior ao de 2016, quando havia 81.251 residentes legais.
Segundo especialistas em migração, o fluxo migratório do Brasil para Portugal deve se intensificar ainda mais, em especial devido aos novos vistos de trabalho aprovados pelo Parlamento em julho, mas que ainda não foram plenamente implementados.
Nova Regra
A nova regra beneficia cidadãos dos países da CPLP (Comunidades dos Países de Língua Portuguesa), a maior mudança é a autorização para quem quer procurar emprego em Portugal. Com ela, os estrangeiros terão um prazo de 120 dias, que pode ser prorrogado por mais 60, para obter um contrato de trabalho. Quem não conseguir um emprego dentro do período estipulado será obrigado a sair do país e só poderá apresentar um novo pedido após um ano do fim da validade do visto anterior.
Portugal tem um déficit de trabalhadores em setores como turismo, construção civil, agricultura e atendimento em restaurantes, nos quais a remuneração é cada vez menos atraente para os portugueses. Os baixos salários no país, combinados aos custos crescentes de moradia, costumam ser os maiores obstáculos para imigrantes recém-chegados.
Entidades de apoio à comunidade brasileira, então, apontam a tendência de que muitos dos novos moradores têm optado por cidades menores ou do interior, onde ainda é possível encontrar casas a preços mais em conta.
Discriminação Racial
Apesar do crescente número de brasileiros no país, os relatos de discriminação racial e de preconceito, inclusive linguístico, continuam aumentando. Embora os imigrantes estejam mais conscientes de seus direitos e mais dispostos a reagir, segundo reconhece o próprio governo luso, organizações de apoio aos estrangeiros consideram que a emergência de movimentos de ultradireita pode contribuir para o incitamento ao discurso de ódio.