" O Agente Secreto” se destaca em Cannes e ganha força para a temporada de premiações
Filme brasileiro amplia visibilidade global após premiações de Kleber Mendonça e Wagner Moura

Foto: Victor Jucá/Divulgação
O cinema brasileiro alcançou um feito inédito no último sábado (24), com O Agente Secreto sendo duplamente premiado no Festival de Cannes. A produção dirigida por Kleber Mendonça Filho rendeu ao cineasta o prêmio de Melhor Direção e ao ator Wagner Moura o troféu de Melhor Ator, reconhecimento inédito para o Brasil em uma única edição do evento francês.
A conquista não garante, mas amplia as chances do longa ser considerado na temporada de premiações internacionais, como o Oscar. Embora não tenha levado a Palma de Ouro, concedida este ano ao iraniano A Simple Accident, de Jafar Panahi, a presença destacada em Cannes eleva o prestígio da produção brasileira e a insere no radar de prêmios como o Globo de Ouro e o SAG Awards, ambos considerados fortes indicativos de desempenho no Oscar.
Ambientado durante a ditadura militar, O Agente Secreto acompanha a trajetória de um professor que se muda para o Recife e passa a ser vigiado. A exibição do filme em Cannes, no último dia 18, foi recebida com cerca de quinze minutos de aplausos. A crítica internacional qualificou a obra como “monumental”, “obra-prima” e um “thriller maravilhoso”.
Embora a trajetória entre Cannes e o Oscar não seja linear, o histórico do festival mostra que premiações em solo francês costumam impulsionar produções rumo à temporada norte-americana. Exemplo recente é Anora, vencedor da Palma de Ouro de 2024, que conquistou cinco estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Filme. Ainda que O Agente Secreto não tenha recebido o prêmio principal, as vitórias individuais em direção e atuação fortalecem seu posicionamento para futuras indicações.
No caso dos prêmios de atuação e direção, raramente há coincidência entre Cannes e Oscar. Adrien Brody foi o último ator a conquistar ambos com o mesmo filme, O Pianista, em 2003. Já no caso dos diretores, o último vencedor de Cannes a repetir o feito no Oscar foi Billy Wilder, em 1946. Mais recentemente, cineastas como Paweł Pawlikowski e Bong Joon-ho passaram por Cannes antes de ganharem destaque na Academia.
Além de O Agente Secreto, o cinema nacional teve outro reconhecimento na edição deste ano.
O Brasil foi homenageado como país de honra do festival, e a cineasta Marianna Brennand recebeu o prêmio Women in Motion Emerging Talent por seu primeiro longa de ficção, Manas. O filme retrata a dura realidade de uma adolescente de 13 anos, vítima de abusos na Ilha do Marajó, e foi produzido pela Inquietude em parceria com a Globo Filmes.