O Brasil está cada vez mais pobre, aponta FGV
O ano de 2021 começou com 27 milhões de pessoas (12,8% da população) na miséria

Foto: Reprodução/G1
A Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o Brasil está cada vez mais pobre. O ano de 2021 começou com 27 milhões de pessoas (12,8% da população) na miséria. Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 4,1% em 2020. O impacto é o maior dos últimos 30 anos e tirou o Brasil do grupo das 10 maiores economias do planeta. Porém é bem melhor do que a queda de quase 10% projetada no início da pandemia e também é menor do que a recessão registrada por países como México (-8,7%), Reino Unido (-9,9%) e Alemanha (-5,3%), tanto que foi comemorado pelo governo de Jair Bolsonaro, a despeito de a miséria ser cada vez maior país afora.
Segundo especialistas, ao injetar R$ 293 bilhões na economia e impulsionar o consumo das famílias, o auxílio emergencial conseguiu amortecer o tamanho do tombo econômico no ano passado. Porém dizem que não há motivos para celebrar neste ano. É que o cenário que se desenha para 2021 é completamente diferente.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que a economia mundial vai crescer 5,5% neste ano, influenciada pelos estímulos monetários anunciados por países como os Estados Unidos ou pelo sucesso de nações como a China no controle da pandemia. O Brasil, que não tem mais espaço fiscal para manter muitos dos auxílios emergenciais de 2020 e não tem tido sucesso no combate à covid-19, por sua vez, deve crescer 3,6%. E agentes do mercado financeiro dizem que essa taxa será ainda menor, já que a segunda onda da pandemia deve causar contração no PIB neste primeiro trimestre.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) já calcula, inclusive, que o PIB do Brasil vai cair 0,3% no biênio de 2020/2021, enquanto o do grupo das economias emergentes subirá 1,8%. A Índia, por exemplo, deve crescer 1,3% no período; a Indonésia, 1,4%; e a Coreia do Sul, 1%. Não à toa, o Brasil caiu da nona para a 12º posição no ranking das maiores economias mundiais em 2020 e deve cair mais em 2021. Segundo a Austin Rating, mesmo se crescer 3,6%, o país será ultrapassado pela Austrália e pela Espanha, caindo para a 14ª posição desse ranking.
“Década perdida”
Especialistas avaliam que para garantir a retomada do crescimento econômico e conter o avanço da pobreza, o país precisa avançar na vacinação contra a covid-19, que vai permitir o funcionamento seguro das atividades econômicas, mas também olhar para o longo prazo. Afinal, antes da pandemia, o Brasil já vinha com dificuldades de crescer.
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o PIB do país cresceu, em média, 0,8% ao ano entre 2010 e 2019, porque problemas estruturais vinham segurando o crescimento e os investimentos. Por isso, com a queda de 4,1% de 2020, o país teve mais uma “década perdida”. Nas contas do FGV/Ibre, o Brasil cresceu apenas 0,2% ao ano entre 2010 e 2020. É um resultado bem pior que o registrado na década perdida de 1980: 1,6%. Ou seja, continuamos repetindo os erros que perpetuam a pobreza.