"O pai vai deixar?", diz Deltan sobre Flávio Bolsonaro em conversa vazada
A conversa foi divulgada no site CNN

Foto: Agência Brasil
Procuradores da Lava Jato, que tiveram conversas divulgadas pelo hacker, compartilharam uma notícia sobre o caso das 'rachadinhas' do senador Flávio Bolsonaro, no dia 8 de dezembro de 2018. Em um grupo, chamado de Filhos de Januário, o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, mandou o link antes da posse de Flavio no Senado e de Bolsonaro na Presidência. A conversa foi divulgada pela CNN.
Januário Paludo então lhe pergunta: “Lembra de algo Deltan? Aiaiai.” A procuradora Jerusa Viecili fala na sequência: “Falo nada ... Só observo ??”. E Deltan ri: Kkk. É óbvio o q aconteceu... E agora, José?”
“Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo? Agora, Bolso terá algum interesse em aparelhar a PGR, embora o Flávio tenha foro no TJRJ. Última saída seria dar um ministério e blindar ele na PGR. Pra isso, teria que achar um colega bem trampa. Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse”, continua Deltan.
Nota dos procuradores da Lava Jato:
1. Os procuradores da República que integraram a força tarefa Lava Jato reafirmam que não reconhecem a autenticidade e a veracidade das mensagens criminosamente obtidas por hackers que estão lhe sendo atribuídas. Os supostos diálogos constantes nessas mensagens, editados, descontextualizados e deturpados, vêm sendo utilizados de forma deliberada e sistemática para fazer falsas acusações contra a operação, sem correspondência na realidade, por pessoas movidas por diferentes interesses que incluem a anulação de investigações e condenações.
2. No caso específico, ainda que os diálogos tivessem ocorrido da forma como apresentados – embora não se reconheça o seu conteúdo, seja pelo tempo, seja pela ordem em que são apresentados, seja pelo conteúdo – as mensagens sobre as investigações envolvendo o presidente mostrariam apenas comentários sobre notícias publicadas na imprensa.
3. Ao longo dos anos, integraram a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná mais de vinte procuradores, com diferentes visões de mundo e sem qualquer histórico de vinculação político-partidária, os quais, inclusive, votaram de maneira bastante diferente nas eleições presidenciais, e sempre trabalharam em harmonia a fim de prestar para a sociedade um serviço público relevante por meio de um trabalho técnico. Cumprindo seu dever, a força-tarefa reuniu informações sobre crimes praticados por políticos alinhados a todo o espectro ideológico e sempre adotou as providências cabíveis, seja processando-os quando tinha atribuição, sendo enviando as informações para a instância competente. Logo, evidente que não houve qualquer atuação da Lava Jato com finalidade política ou ideológica, menos ainda com o fim de interferir em eleição.
4. Assim como todo cidadão brasileiro à época, procuradores podem ter manifestado opiniões, em grupo fechado, sobre os resultados das eleições presidenciais, o que de forma alguma denotaria parcialidade ou tentativa de interferência no processo eleitoral.


