OEI alega que Covid levou educação a ter retrocesso de até 10 anos na América Latina

A crise socioeconômica provocada pela pandemia de Covid-19 vai representar um retrocesso educativo de oito a dez anos na América Latina, onde cerca de 17 milhões de alunos dos últimos anos do ensino médio e os primeiros da universidade se verão forçados a abandonar os estudos, de acordo com as estimativas da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).

"São filhos de famílias de baixa renda que ficarão mais pobres, não terão condições de pagar as mensalidades e, por isso, terão de "ajudar" na composição da renda familiar trabalhando, principalmente mulheres de regiões suburbanas e rurais", advertiu o secretário-geral da OEI para Educação, Ciência e Cultura, Mariano Jabonero, em entrevista à EFE.

A pandemia do coronavírus forçou a interrupção temporária de atividades educacionais, deixando 180 milhões de estudantes latino-americanos confinados e com perdas de aprendizado de 25%, de acordo com uma análise preliminar da OEI. O que significa "um impacto na perda de competitividade e produtividade", alertou Jabonero.

As perdas se devem especialmente ao fato de que a educação à distância não tem sido difundida em ampla escala. Quase 50% dos lares da região não possuem conexão à internet, e essa grande lacuna digital prejudica principalmente aqueles que mais precisam da educação, os mais pobres.

Jabonero frisou que "superar esta divisão digital, encurtando-a ou eliminando-a" para evitar uma diferença "educacional e social muito forte" é imprescindível. O secretário afirmou que é preciso "confiar na tecnologia e na digitalização" por meio de um modelo educacional diferente, sem voltar ao anterior à pandemia, "ineficiente e de baixa qualidade, com grande desigualdade social".