"Oportunidade para reaproximar dos países amigos", diz Lula em assinatura de acordos com Equador
Foram assinados três novos acordos bilaterais nas áreas de combate à fome e pobreza, cultura familiar e inteligência artificial

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta segunda-feira (18), no Palácio do Planalto, o presidente do Equador, Daniel Noboa, em visita oficial que marca a retomada da relação bilateral após quase duas décadas sem encontros políticos.
No discurso, Lula defendeu que a América do Sul precisa atuar de forma conjunta para enfrentar desafios globais e regionais. Ele afirmou que “diferenças políticas não devem se sobrepor ao objetivo maior de construir uma região forte e próspera” e destacou que Brasil e Equador têm “condições de liderar uma transição energética justa” por possuírem matrizes elétricas majoritariamente renováveis.
“Essa visita sofre um hiato de quase 18 anos desde a última vez em que um mandatário equatoriano esteve no Brasil. É uma oportunidade para reaproximar dois países amigos”, disse.
O presidente brasileiro também ressaltou a importância do combate à fome e da cooperação em áreas sociais. “Ficamos muito felizes com o apoio à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, desde o início no momento em que o Brasil acaba de sair do mapa da fome”, disse.
Entre os anúncios, Lula confirmou a reabertura do mercado brasileiro para a banana equatoriana, em cumprimento a decisão judicial, e disse esperar do Equador contrapartidas como a ampliação da compra de carne suína brasileira. “Disse ao presidente Noboa que estamos dispostos a trabalhar por um comércio mais equilibrado, reduzindo barreiras a produtos equatorianos”, afirmou. O comércio bilateral entre os dois países ultrapassa US$ 1 bilhão, com superávit de US$ 850 milhões para o Brasil.
No campo da segurança, Lula anunciou que o Brasil reabrirá o escritório da Polícia Federal em Quito e promoverá cooperação em investigações financeiras, além de iniciativas conjuntas contra o narcotráfico. “Não é preciso classificar organizações criminosas como terroristas nem violar a soberania alheia para combater o crime organizado. Só conseguiremos deter as redes criminosas que se espalharam pela América do Sul agindo juntos”, declarou.
Meio ambiente
Durante o evento, Lula disse que Brasil e Equador têm responsabilidade compartilhada sobre o bioma amazônico e lembrou da proximidade da COP 30, que será realizada em Belém. “A Amazônia não estará apenas na metade do mundo, como se costuma chamar a linha do Equador. Ela será o epicentro das soluções para o planeta”, afirmou.
Redes sociais
O presidente brasileiro também reiterou a defesa da regulação das plataformas digitais, tema que tem sido prioridade do governo. “As redes digitais não devem ser terra sem lei, em que é possível atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência. Erradicar a exploração sexual de crianças e adolescentes é uma imposição moral e uma obrigação do poder público”, disse.
Foram assinados três novos acordos bilaterais nas áreas de combate à fome e pobreza, cultura familiar e inteligência artificial.