• Home/
  • Notícias/
  • Saúde/
  • País tem caso importado de sarampo, mas ocorrência não deve atrapalhar busca por eliminação

País tem caso importado de sarampo, mas ocorrência não deve atrapalhar busca por eliminação

Novo caso foi confirmado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde no último dia 25

Por FolhaPress
Ás

País tem caso importado de sarampo, mas ocorrência não deve atrapalhar busca por eliminação

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A confirmação de um caso importado de sarampo no Rio Grande do Sul não será o maior desafio da equipe que tentará devolver ao Brasil o status de país livre da doença. A baixa taxa de vacinação, principalmente na dose de reforço, e o cenário internacional devem ser as principais travas no pedido que será apresentado à Comissão Regional de Monitoramento e Verificação da Eliminação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas.

O novo caso foi confirmado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde no último dia 25. Segundo o governo gaúcho, o paciente é um menino de 3 anos que chegou ao país em 26 de dezembro, procedente do Paquistão, sem ter sido vacinado.

O garoto desembarcou em São Paulo e, no dia 27 de dezembro, chegou à cidade de Rio Grande, onde no início de janeiro foi atendido com dor abdominal e febre. O Cevs afirma que a criança não estava no período de transmissibilidade durante o deslocamento e que está tomando todas as medidas necessárias, incluindo bloqueio vacinal em familiares e vizinhos e monitoramento de atendimentos por sintomas semelhantes aos do sarampo.

O caso foi o primeiro no país desde 2022, quando foram confirmadas 41 ocorrências: 30 no Amapá, um no Pará, dois no Rio de Janeiro e oito em São Paulo. A última morte registrada pela doença ocorreu em 2021, no Amapá.

O intervalo sem notificações permitiu que, no fim de 2023, o Brasil fosse classificado pela comissão como "pendente de verificação para sarampo", um indicativo da interrupção da transmissão endêmica do vírus que causa a doença.

Para dar o passo seguinte e chegar ao status de eliminação do sarampo, o país precisa apresentar novos -e positivos- dados sobre vigilância e vacinação.

Em termos de monitoramento de casos, a avaliação é positiva. O próprio trabalho realizado no Rio Grande do Sul é um indicativo de que o país está atento a novos registros, segundo o presidente da Câmara Técnica do Brasil junto à comissão, Renato Kfouri.

A vacinação, porém, ainda está longe da meta de 95% de cobertura. Em 2022, último ano com dados completos, a taxa de cobertura da primeira dose de tríplice viral (vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) foi de 80,7% e, da segunda, de 57,64%.

A diferença de adesão entre as aplicações é conhecida como taxa de abandono de vacinas de múltiplas doses, explica Kfouri. Os pais acham que a criança está protegida com uma dose e não buscam a segunda -ou esquecem. "É um fenômeno mundial", observa.

O desafio em relação à doença também ultrapassa as fronteiras. Na Europa, foram 30 mil casos entre janeiro e outubro de 2023, contra 941 reportados ao longo de todo o ano de 2022, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Com a explosão de casos de sarampo no mundo, só estaremos tranquilos quando o mundo estiver", avalia Kfouri. "Nosso dever de casa é não deixar que os vírus encontrem uma zona de circulação com pessoas suscetíveis."

O país já fez isso antes. Em 2016, a OMS concedeu ao Brasil o certificado de eliminação da doença -perdido três anos depois. Na época, as taxas de cobertura da tríplice viral eram de 95,41% (D1) e 76,71% (D2).

"Precisamos melhorar esse gap, muito prejudicado nos últimos anos, como ocorreu com as demais vacinas", diz Kfouri.

Os dados solicitados pela comissão serão enviados nos próximos meses e a próxima reunião de avaliação deve ocorrer no meio do ano.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário