"Países que acumulam vacinas são os mesmo que bloqueiam conhecimento", diz um dos elaboradores do Covax

Diretor da OMS diz que questão se torna “mais grotesca a cada dia”

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FOTO: Reprodução/A Gazeta

Em declaração recente, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a desigualdade na vacinação contra a Covid-19 torna-se “mais grotesca a cada dia”. Até o fim de março, de acordo com um levantamento do New York Times, 86% das doses aplicadas no planeta foram para nações ricas ou de renda média-alta. Apenas 0,1% dos imunizados estão em países pobres.

Conforme o vírus segue circulando, maiores são as chances de surgirem variantes mais contagiosas e resistentes, prolongando a pandemia até mesmo para quem já está vacinado. "Ninguém está seguro até que todos estejam seguros. É do interesse coletivo que se trabalhe em conjunto", disse Olivier Wouters, professor da London School of Economics e coautor de um artigo publicado pela revista Lancet sobre o desafio do acesso igualitário à vacina.

Atualmente, o contraste se reflete na velocidade de vacinação de 75% da população de um país, patamar em que se estima que a imunidade de rebanho comece a ser atingida. Estados Unidos, Reino Unido e Chile devem precisar de apenas três ou quatro meses. Nigéria, Ruanda e Irã levarão mais de uma década caso mantenham o ritmo atual. No Brasil, a estimativa é de um ano.

Organizações dos direitos humanos defendem que parte da solução passe pela suspensão das patentes das vacinas. A África do Sul e a Índia levaram a questão à Organização Mundial de Comércio (OMC), mas esbarram na falta de apoio das nações ricas, onde as farmacêuticas mantêm suas sedes.

"Os países que acumulam vacinas são os mesmos que bloqueiam o conhecimento e a propriedade intelectual", opinou Gavin Yamey, professor de saúde global e políticas públicas da Universidade Duke e integrante de um conselho não remunerado que ajudou na elaboração do Covax.

Das mais de 564 milhões de doses que foram aplicadas no planeta até o fim de março, apenas 6% vieram do Covax, iniciativa da OMS para distribuir doses de vacinas para países mais necessitados. A OMS afirma que de cumprir sua meta de fornecer 2 bilhões de doses em 2021, mas até o momento só enviou 32,9 milhões de vacinas para 70 países e territórios.


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