'Parece que não tem guardas nas ruas', diz morador do Itaigara ao denunciar abandono de base da Guarda Civil

Cidadão questiona se descaso é 'descontinuidade do trabalho de [ACM] Neto' ou 'novo modelo de gestão de Bruno Reis'

A insegurança vivida pelos moradores do Farol da Barra, em Salvador, relatada pelo Farol da Bahia nessa quinta-feira (9), com a falta de profissionais ocupando a base avançada da Guarda Civil Municipal, chamou a atenção dos moradores do Itaigara, que também denunciaram o abandono da prefeitura e do órgão responsável pela base instalada na praça do bairro. Um dos moradores, que prefere não ser identificado, disse que ao ler a reportagem, percebeu que a realidade do bairro vizinho, de medo e sensação de insegurança, é a mesma de onde vive.

"Percebemos a ausência da Guarda Civil Municipal e nos atentamos que o módulo que eles antes ocupavam está vazio, todo depredado, quebrado, sujo e colaborando para o crescimento da violência aqui [no Itaigara]", disse.



A história perece ser a mesma, com mudanças no cenário e dos personagens. No local, segundo o morador, a insegurança é tanta que as pessoas que moram na região não realizam mais exercícios físicos, como caminhadas, e nem estacionam seus veículos nas ruas. Ainda segundo ele, além do módulo que os guardas municipais deveriam ocupar, e que encontra-se abandonado, a praça segue o mesmo caminho.

"Se o símbolo do órgão que deveria nos dar proteção e que cuida do patrimônio público está assim, o que esperar do restante? A praça está toda suja e depredada e não estamos entendendo esse recolhimento da Guarda Civil Municipal. Parece que não tem mais guardas nas ruas. Para onde estão indo?", disse o rapaz que fez diversos questionamentos.



A reportagem entrou em contato com a Guarda Civil para questionar se estão cientes do estado da sede do órgão localizada no bairro do Itaigara e os motivos que levaram os profissionais a deixarem de utilizar o espaço. No entanto, ainda aguardamos um posicionamento da secretaria.

Insegurança pública em Salvador

Ao Farol da Bahia, o morador afirmou que toda essa insegurança presenciada pela população soteropolitana causa preocupação e uma dúvida: "A gente não sabe que tipo de política é essa. Depois de vermos a outra matéria [sobre o caso da base abandonada na Barra] a gente fica pensando se é a descontinuidade do trabalho de [ACM] Neto ou é o novo modelo de gestão de Bruno Reis. Isso nos deixa muito preocupados, pois estamos em um momento que se discute muito a questão da violência e a gente vê a prefeitura atuar dessa forma. Nós [moradores] que estamos sofrendo com isso", desabafou.

As bases municipais em questão foram inauguradas ainda na gestão do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que atualmente é pré-candidato não declarado ao governo da Bahia. Em pré-campanha pelo interior do Estado, Neto afirmou que, ao contrário do governo do PT, não irá permitir que "bandido se crie" na Bahia.

“Não vamos permitir que bandido se crie no nosso estado. Se bandido quiser se criar, vai se criar fora da Bahia, não na Bahia”, declarou Neto em uma publicação feita no Instagram onde acrescentou: “Se eu for eleito governador, não vou me contentar nada mais nada menos do que fazer a melhor administração do Brasil, como fiz em Salvador durante oito anos”, acrescentou.

Contudo, assim como trouxe o morador do Itaigara, a dúvida sobre a insegurança ser uma "descontinuidade" da gestão de ACM Neto ou novo modelo adotado por Bruno Reis (DEM) ainda paira sobre a população. No Carnaval de 2019, após declarações do cantor-político Igor Kannário contra a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), o então prefeito Neto se negou a ficar ao lado da PM e disse que não puniria o artista pelas intimidações aos profissionais responsáveis pela segurança pública.

“Isso não tem nada a ver com questão partidária. Ele, aqui, tem que responder como cantor e como artista. Não tem nada a ver com atividade parlamentar ou política de Igor Kannário. Tem a ver com a sua condição de artista. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse, em entrevista coletiva na época.

Com o posicionamento de Neto, que afirmou não ser "censor" de artista, o governador Rui Costa (PT) saiu em defesa da PM-BA e acionou a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para que fossem adotadas medidas legais contra Kannário.

Promessas eleitorais se repetem

Em 2011, quando era candidato a prefeito de Salvador, Neto levantou a importância do trabalho da Guarda Civil Municipal para a segurança da capital baiana. Neste ano, ele publicou nas redes sociais que a Bahia é responsável por 14% das mortes violentas do Brasil e que se fosse eleito, não permitiria a criminalidade. No entanto, conforme dados do Atlas da Violência 2019, ano em que ainda estava sob a gestão de Salvador, a cidade baiana ficou na 5ª posição entre as capitais mais violentas do país. No mesmo ano, enquanto a capital possuía taxa de homicídio de 63,5, a média dos municípios do estado era 41,3.


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