Pequenas empresas buscam crédito para salários, mas bancos dificultam
Empresários afirmam que a burocracia e os entraves dos bancos para a concessão do dinheiro fazem com que o crédito não chegue às empresas

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Empresários e entidades reclamam que a linha de crédito anunciada pelo governo para ajudar as pequenas e médias empresas a pagarem os salários dos seus funcionários, em meio à crise gerada pelo coronavírus, não chega à ponta final por burocracia e exigências dos bancos. Os bancos dizem que o dinheiro está à disposição.
A linha de crédito para bancar a folha de pagamento por dois meses, anunciada no final de março, é ofertada em conjunto entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), responsável por 85% do crédito, e os bancos privados, que ficam com 15% do total.
O empréstimo tem carência de seis meses para primeira parcela, prazo de 30 meses para pagar e taxa de juros prefixada em 3,75%, condições válidas para empresas que tiveram faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões no ano de 2019.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que ainda não tem um balanço sobre quanto dessa linha já foi, de fato, ofertada, mas entidades e empresários afirmam que a burocracia e os entraves dos bancos para a concessão do dinheiro fazem com que o crédito não chegue às empresas.
O Sebrae realizou uma pesquisa no início de abril mostrando que 60% dos pequenos negócios que buscaram empréstimo tiveram crédito negado. Para o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, o crédito ainda não chega à ponta final pois os bancos não liberam o crédito com medo da inadimplência.
A dificuldade está na análise de crédito, pois os bancos usam uma metodologia de análise de crédito velha, de antes da crise, para um momento novo. Pela primeira vez, o dinheiro não é do banco. O dinheiro vem do Tesouro e, se o risco é do Tesouro, é um problema esse dinheiro não chegar na ponta.
Bancos afirmam que linha está ativa
Todos os cinco grandes bancos do Brasil disseram que já oferecem a linha, mas as condições anunciadas variam de acordo com a instituição financeira.
O Banco do Brasil informou que o crédito também está disponível às empresas conveniadas ao banco. Segundo a instituição, há carência de seis meses no crédito, mas os juros desse período de carência serão diluídos nas parcelas de capital. Além disso, não haverá cobrança de IOF.
O Bradesco disse que oferta a linha desde o início de abril, com um crédito pré-aprovado pelo Net Empresa ou no Net Empresa Celular. Há também a possibilidade de solicitar o crédito em agências e pelo telefone.
O Santander informou que a empresa elegível precisa ter a folha de pagamento no banco, CNPJ ativo, que pode ser consultado na Receita Federal, e sem atrasos de até 30 dias com a instituição financeira. A contratação é realizada pela internet.
O Itaú Unibanco informou que a contratação é feita online. As empresas elegíveis não podem ter atrasado operações de crédito nos últimos seis meses e é preciso ter as contas na parte de RH do banco.
A Caixa não se manifestou sobre o assunto.


