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Perdas do Brasil com tarifaço podem ser amortecidas com reajuste do comércio global, diz estudo

Segundo o estudo, os choques tarifários resultariam em uma queda de 0,14% no PIB global, equivalente a US$ 112 bilhões

Por FolhaPress
Às

Perdas do Brasil com tarifaço podem ser amortecidas com reajuste do comércio global, diz estudo

Foto: Imagem ilustrativa | Pexels

O tarifaço global imposto pelos Estados Unidos deve provocar um rearranjo no comércio internacional que pode ajudar a amortecer as perdas que o Brasil terá com a sobretaxa de 50% implementada pelo presidente Donald Trump. Alguns setores, inclusive, podem sair ganhando quando se consideram os impactos indiretos.

É o que indica um estudo publicado nesta quinta-feira (7) por pesquisadores do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O trabalho considerou não só o impacto direto do tarifaço dos EUA sobre exportações de produtos brasileiros, mas também os efeitos das tarifas impostas a outros países (e das retaliações), que podem alterar a competitividade relativa do Brasil no cenário internacional. A ideia é que esse efeito indireto tem potencial para favorecer exportações brasileiras ao desviar parte do comércio global para outros mercados.

Mas, apesar de eventuais benefícios, a análise dos economistas sugere que o resultado final continua sendo negativo: tanto para a economia nacional, quanto global.

O estudo, publicado pelos autores Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães, considera as tarifas globais vigentes desde a última quinta-feira e os acordos comerciais já fechados entre EUA e União Europeia e Reino Unido, por exemplo.

Também leva em conta que, até o momento, a China foi a única a retaliar Washington, impondo tarifas de 10% sobre importações americanas.

"As taxas aplicadas sobre importações provenientes de outros países nos EUA e a retaliação da China, por sua vez, teriam efeitos que poderiam beneficiar o Brasil em mercados específicos, trazendo, assim, impactos positivos", dizem os autores.

A análise usou modelos de EGC (Equilíbrio Geral Computável) para estimar o impacto de médio prazo (dois anos) das medidas tarifárias pelo mundo.

Os pesquisadores já vinham estimando os efeitos das tarifas sobre o Brasil desde fevereiro de 2025. Os achados de agora indicam que o saldo final pode ser mais brando.

Segundo o estudo, os choques tarifários resultariam em uma queda de 0,14% no PIB global, equivalente a US$ 112 bilhões. O comércio mundial também seria prejudicado, com queda de 3% (US$ 645 bilhões).

Os EUA veriam o PIB retroceder 0,43%, enquanto a China enfrentaria uma perda econômica de 0,14%.

No Brasil, a estimativa dos economistas aponta para uma queda do PIB de 0,10%, equivalente a US$ 12 bilhões. Nas exportações brasileiras, o efeito seria uma perda líquida de US$ 4,2 bilhões.

Os resultados consideram os impactos direto e indiretos do tarifaço. No caso das exportações brasileiras, por exemplo, os pesquisadores calculam uma perda de US$ 8,8 bilhões. Os rearranjos globais no comércio, contudo, devem trazer um ganho de US$ 4,6 bilhões para o Brasil.

"Em síntese, apesar de trazer benefícios para alguns setores nacionais, o saldo final é negativo para o Brasil, refletindo uma perda global nas exportações devido sobretudo à restrição de acesso ao mercado norte-americano", diz o estudo.

A soja é um dos setores que devem sair ganhando, segundo a análise, com um ganho de US$ 1,5 bilhão. O ganho seria provocado pela retaliação da China aos EUA, que deve ampliar o mercado brasileiro da oleaginosa no gigante asiático.

Também se beneficiam os derivados de petróleo e produtos de carvão (US$ 626 milhões), produtos de papel e edição (US$ 523 milhões), equipamentos de transporte (US$ 706 milhões), veículos a motor e peças (US$ 303 milhões) e computadores, produtos eletrônicos e ópticos (US$ 238 milhões).

Por outro lado, o setor de metais ferrosos brasileiro é um dos que mais perdem com o tarifaço e seu rearranjo do comércio global, assim como as indústrias química, madeireira e mineral.

O estudo também estima o impacto no consumo das famílias, investimentos e mercado de trabalho. Todos sairão perdendo com o tarifaço, com quedas de 0,26%, 0,15% e 0,08, respectivamente --considerando efeito direto e amortização pela diversificação do comércio global.

"Em termos de ocupações, estima-se uma perda de 188.707 empregos decorrentes do efeito das tarifas dos EUA sobre Brasil, e de 57 mil ocupações como efeito total", afirmam os pesquisadores.

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