Pesquisa inédita revela novo tratamento para esquistossomose 

Estudo foi elaborado por pesquisadores da Universidade UNG e estima-se que 500 mil pessoas morrem todos os anos vítima da doença, popularmente conhecida como barriga d'água 

Por Michel Telles
Às

Pesquisa inédita revela novo tratamento para esquistossomose 

Um estudo inédito, realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas do Programa de Pós-Graduação de Mestrado e Doutorado na área de Enfermagem e Saúde da Universidade UNG, mostra a eficácia no uso de própolis vermelha no tratamento de esquistossomose, doença popularmente conhecida como "barriga d'água". A pesquisa foi divulgada na publicação científica Journal of Ethnopharmacology. 

A esquistossomose é uma doença que atinge, sobretudo, o fígado e o baço do ser humano, o que faz com que a barriga inche, causando uma série de problemas, como anemia, desnutrição e defasagem de aprendizado, em especial nas crianças. Estima-se que 300 milhões de pessoas contraiam a doença e 500 mil chegam a óbito todos os anos, especialmente em regiões de pobreza, como nas periferias brasileiras, e países da América Latina, África e Ásia. 

A pesquisa com a própolis mostrou, em estudos in vitro e com camundongos, ser eficaz já na fase inicial da doença, ou seja, quando o parasita ainda não se desenvolveu. Isso significa dizer que o tratamento precoce é efetivo assim que alguém contraia o verme para dentro do organismo, evitando, portanto, todos os problemas decorrentes. 

"Os estudos in vitro nos mostraram que a própolis é capaz de matar o verme e evitar a sua reprodução. A partir daí partimos para análises com camundongos, e tivemos os mesmos resultados. Para nossa felicidade, a própolis teve um efeito antiparasitário muito positivo. A partir de agora, precisamos realizar os ensaios clínicos, isto é, encontrar um grupo de pessoas com a doença para avaliar a eficácia terapêutica da própolis", aponta o professor da UNG, Josué de Moraes que coordenou a pesquisa. Moraes é um dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo pesquisa conduzida pela Universidade de Stanford, da Califórnia, nos Estados Unidos, divulgada em novembro. 

Atualmente, só há um medicamento capaz de matar o verme, que se hospeda nos vasos sanguíneos e se alimenta de sangue e glicose. O problema desta medicação é que ela só pode ser usada na fase crônica da doença, ou seja, quando o verme já é adulto e está produzindo ovos dentro do organismo humano. Isso porque o medicamento (praziquantel) é administrado apenas 40 dias após o verme se hospedar no corpo humano. 

"O problema deste fármaco é que ele não garante a eficácia no tratamento, uma vez que, ao medicar o doente com esquistossomose, o verme já está na fase adulta; consequentemente, os ovos, que são os responsáveis pela gravidade da doença, já estão depositados no organismo", adverte o pesquisador. 

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