Pessimismo do varejo está no pior patamar desde a pandemia

Levantamento aponta que, em setembro e outubro, 46% e 43,6% dos pesquisados projetavam piora para a economia brasileira

Por FolhaPress
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Pessimismo do varejo está no pior patamar desde a pandemia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em meio ao crédito caro e à desaceleração da atividade econômica, a expectativa dos empresários do comércio para a economia brasileira está no pior patamar desde a pandemia, com queda nas projeções de contratações e investimentos.

É o que mostram dados de uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que calcula o Índice de Confiança do Empresário do Comércio.

O levantamento aponta que, em setembro e outubro, 46% e 43,6% dos pesquisados projetavam piora para a economia brasileira, os maiores percentuais desde junho de 2020.

De acordo com João Marcelo Costa, economista da CNC, o principal fator que influenciou a alta do pessimismo é o fato de que a taxa de juros está no maior patamar em quase 20 anos, o que restringe o acesso a empréstimos por parte dos comerciantes.

"O empresário do comércio precisa se financiar, depende do fluxo de caixa para fazer contratações e investir. Quando os juros estão altos, ele precisa tomar capital de giro, o que fica mais difícil no cenário atual", avalia.

Não por acaso, a pesquisa mostrou que as intenções de investimento recuaram para 99,1 pontos em outubro, abaixo do patamar neutro de 100 pela segunda vez consecutiva desde novembro de 2023. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve uma queda de 4,2%.

Entre os diferentes tipos de investimento, a retração mais expressiva ocorreu na intenção de contratar funcionários, que despencou de 121,1 pontos em junho para 112 pontos em outubro. A queda ante outubro do ano passado foi de 6,3%, e o recuo mensal, de 0,4%.

A intenção de investir na expansão do negócio também recuou para 93,4 pontos (queda mensal de 1,2% e anual de 5,7%), o que segundo Costa também evidencia o impacto da Selic elevada sobre o custo do crédito. A intenção de fazer estoques é o único tipo de investimento que teve alta, de 0,5% na comparação anual.

Além das taxas elevadas, outro fator que impacta a avaliação dos empresários do comércio, de acordo com o economista, é o elevado endividamento.

Dados da Peic, pesquisa sobre endividamento da CNC, revelam que o percentual de famílias que possuem contas em atraso alcançou 30,5% em setembro, o maior valor da série histórica.
"As pesquisas de atividade do IBGE já indicam que a economia começa a arrefecer, e nesse cenário as pessoas consomem menos. Há muitas famílias endividadas, que possuem menos renda disponível para consumir", afirma Costa.

A retração na confiança do empresário com a economia futura alcançou todos os setores, mas o destaque foram as lojas de varejo de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decoração, material de construção e veículos. Nesse segmento, onde o consumo é mais impactado pelos juros altos, o índice se reduziu em 14,5% ante outubro do ano passado.

No caso de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos e de roupas, calçados e tecidos também houve quedas, de 10,6% e 9,1%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2024.
O indicador total de confiança do comércio, que é formado também pela avaliação do cenário atual da economia brasileira (onde 77,4% dos comerciantes veem piora), alcançou 95,7 pontos em outubro, permanecendo abaixo de 100 pontos pelo segundo mês e registrando o menor nível desde maio de 2021. Entre julho e outubro, o índice acumulou queda de 10,3%.

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