PF aponta que Malafaia orientou Bolsonaro a descumprir medidas do STF
Pastor teria indicado horários e canais para postagens do ex-presidente, que estava proibido de usar as redes sociais

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O pastor Silas Malafaia instigou e orientou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a descumprir medidas cautelares que foram impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com a Polícia Federal.
A PF cumpriu mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares contra o pastor Malafaia nessa terça-feira (20), no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
A operação foi autorizada pelo STF no âmbito da PET nº 14129, que apura tentativa de obstrução de Justiça ligada à tentativa de golpe de Estado.
De acordo com os investigadores, Malafaia dizia a Bolsonaro "de forma precisa os melhores horários em que as postagens deveriam ser retransmitidas" e quais seriam os melhores canais para a divulgação.
"Dessa forma, o dolo na conduta dos investigados restou evidenciado a partir do conjunto de ações previamente ajustadas e deliberadas, construídas de modo consistente e gradual, com a finalidade de alcançar interesses ilícitos, em clara tentativa de coerção de autoridades públicas e cerceamento do livre exercício dos poderes constituídos", disse a PF, ao Supremo.
Em uma das mensagens recuperadas pela PF, no dia 13 de julho, Malafaia orienta Bolsonaro para um posicionamento sobre o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil.
"Tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa. Ainda pode usar o seguinte argumento: não queremos ver sanções contra ministros do STF e suas famílias. Eles se caqão (sic) disso! A questão da tarifa é justiça e liberdade, não econômica. Traz o discurso para isso!", diz Malafaia, segundo trecho do documento da PF enviado ao STF.
Na época, o STF havia determinado que Bolsonaro não podia usar as próprias redes sociais, nem de terceiros, como seus filhos ou apoiadores políticos.
A Corte também determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente. Após descumprir as medidas, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão domiciliar.