• Home/
  • Notícias/
  • Saúde/
  • PFDC defende fim de cirurgia de designação sexual em crianças intersexo

PFDC defende fim de cirurgia de designação sexual em crianças intersexo

Em nota técnica, orgão ressalta que cirurgias devem ser adiadas até que a pessoa adquira condições para consentir sobre o procedimento

Por Da Redação
Às

PFDC defende fim de cirurgia de designação sexual em crianças intersexo

Foto: Ministério da Saúde

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) emitiu nota técnica defendendo  o fim da realização de procedimentos cirúrgicos de designação sexual em crianças intersexo. Esse termo é utilizado para descrever pessoas que nascem com características sexuais - como genitália, glândulas e órgãos reprodutores - que não se encaixam inteiramente no conceito típico de padrão corporal masculino ou feminino. 

De acordo com o órgão, ninguém deve ser submetido a procedimentos médicos invasivos ou irreversíveis que modifiquem suas características sexuais sem o seu consentimento livre, prévio e informado. No caso das crianças, a PFDC argumenta que cirurgias devem ser adiadas até que essas pessoas adquiram condições para dar o seu consentimento sobre o procedimento.

A nota técnica foi produzida pelo grupo de trabalho (GT) População LGBTQIA+: Proteção de Direitos para prover apoio técnico a um caso que tramita no Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Sul, em que a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o assunto é contestada. A norma se refere ao fenômeno da intersexualidade como uma “anomalia de diferenciação sexual” e assevera que o nascimento de crianças sem sexo determinado é uma “urgência biológica e social”. Com isso, o conselho estabelece que o procedimento cirúrgico nesses casos deve ser feito o mais precocemente possível no país, com o objetivo de adequação ao gênero masculino ou feminino.

A PFDC entende, no entanto, que pessoas intersexo não podem ser compelidas a cirurgias de designação sexual com base em construções sociais que enxergam anormalidades em corpos que apenas possuem características sexuais distintas. Para o órgão, as intervenções que acontecem sem o consentimento do paciente são desnecessárias, torturantes e mutiladoras, devendo ser banidas e substituídas por cuidados de saúde prestados por uma equipe multidisciplinar especializada, composta por médicos, psicólogos, assistentes sociais e especialistas em ética.

No caso das crianças, o órgão alerta que é papel da família, do Estado e da sociedade promover um ambiente livre de discriminação e violência, por meio da criação de políticas públicas e ações protetivas, inclusive ações educativas inclusivas e transformadoras. Nesse sentido, a nota sugere a criação de uma política nacional de atenção à saúde das pessoas intersexo sob uma perspectiva de despatologização, não discriminação e respeito à autonomia. Essa política, segundo a PFDC, deve prever treinamento a profissionais de saúde e a formação de equipes multidisciplinares na prestação dos cuidados em saúde, inclusive às famílias das pessoas intersexo.


 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário