PGR aponta uso de “churrasco” como código para golpe de Estado
Relatório indica que Mauro Cid usava o termo ao tratar com financiadores e articuladores do possível golpe

Foto: Gustavo Moreno/STF
A Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou que a palavra “churrasco” era utilizada como código para se referir a um possível golpe de Estado em conversas de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação consta no parecer apresentado pelo procurador-geral Paulo Gonet, divulgado nesta segunda-feira (14), no qual pede a condenação de Bolsonaro e de outros sete réus.
De acordo com o documento, o codinome foi utilizado principalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid em diálogos com financiadores e organizadores de atos contrários ao resultado das eleições de 2022. Em uma das mensagens destacadas no relatório, um interlocutor de Cid, identificado como Aparecido Andrade Portela, escreveu: “O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco. Pois estão colocando em dúvida a minha solicitação”.
Para o procurador-geral, a conversa indica que havia expectativa de atos capazes de interromper a ordem democrática. Na troca de mensagens, Cid respondeu que o tema era um “ponto de honra” para ele.
Em depoimento, Mauro Cid relatou que havia discussões sobre a substituição dos comandantes das Forças Armadas caso o general Freire Gomes não adotasse medidas mais radicais, em uma tentativa de garantir adesão de militares ao plano de ruptura institucional.
“A pressão, como descrita por MAURO CID, visava garantir que o próximo Comandante do Exército assinasse ou implementasse ações militares. De fato, os esforços para pressionar os militares estavam sendo articulados para garantir que o plano golpista fosse levado a cabo, não importando as consequências democráticas ou legais”, registrou Gonet no parecer.
Leia também:
'A quem interessa tudo isso?', diz Eduardo após PGR pedir condenação de Bolsonaro
PGR aponta uso de passagem falsa por Anderson Torres para justificar ausência em 8 de janeiro
Veja os crimes pelos quais a PGR pede condenação de Bolsonaro e outros sete réus