"Portugal em si não é um país soberano", diz Pepe Escobar em entrevista

Há 50 anos, ocorreu a 'Revolução dos Cravos' que marcou o “início da vida democrática” no país europeu

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FOTO: Reprodução/RádioMetropoles

Há 50 anos, a ditadura do Estado Novo era derrubada em Portugal, após um movimento que ficou conhecido como Revolução dos Cravos. Assim, o dia 25 de abril de 1974 ficou marcado como “início da vida democrática” no país europeu. No entanto, para o jornalista investigativo, Pepe Escobar, “Portugal não é um país soberano”, a declaração foi dada em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópoles, nesta quinta-feira (25) . 

Na conversa Mário Kertész recorda que mesmo diante deste cenário, na última eleição, a extrema direita conseguiu 18% dos votos de Portugal, Pepe explica o porquê: "A Europa é apenas uma península, com uma importância mensurada desde o século XVI por causa da era dos descobrimentos. Existe um mito de que o Ocidente, especialmente, a Europa a partir do século XX, domina o mundo. Não. Isso foi basicamente menos de 250 anos, em termos históricos é um grão de areia no deserto. No momento atual é a emancipação da maioria global [...], é a construção de um mundo diferente". 

Pepe utiliza a expressão “Otanistão” para se referir ao grupo de países que aderiram à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar intergovernamental financiada especialmente pelos Estados Unidos e explica o grau de subordinação de Portugal.

“Portugal está dentro do Otanistão. Então Portugal em si não é um país soberano, como a Itália não é um país soberano e como a Alemanha não é um país soberano, para não falar da Espanha. O problema é que, da maneira como foi organizada, entre aspas pós-guerra, a nova União Europeia, que antes era um mercado comum, nações, estados, nações, são subordinados a uma estrutura que controla tudo, que virou a União Europeia e o braço desse controle é a Comissão Europeia”, explicou. 

Pepe continua e diz que as ordens vêm de Washington. “Quando elas chegam na Europa, elas vão para Bruxelas, mas ela é um misto de estrutura militar e estrutura política. As ordens vão primeiro para Othan. Quem controla a política externa da União Europeia, Portugal inclusive, não é Bruxelas, é a Otan. Daí vai descendo para a estrutura política na União Europeia, no Conselho da Europa e na Comissão que é o 'braço' que implementa as políticas. Isso explica a coisa horrenda que está acontecendo, que é o apoio, quase explícito, da Comissão Europeia ao genocídio em Gaza, porque é uma decisão que vem lá de cima. Não importa o que está sendo pensando em Lisboa, Madrid, etc.", explica.    

Investimentos chineses na Bahia

Ao mencionar a China, Escobar mostra interesse em saber mais sobre os investimentos chineses na Bahia e, Leonardo Attuch, que também participa da entrevista, aponta. "A Ford foi embora do Brasil que estava a 50 anos. Antes de sair do Brasil, ela sai do ABC em São Paulo (1:19:15). Ela sai do ABC porque na globalização, as indústrias precisavam buscar custos menores de produção, então saem de São Paulo e vão para a Bahia e mesmo assim não foi suficiente. Agora saem do Brasil e quem vem são os chineses. A Bahia é o retrato perfeito dessa mudança de ordem no tabuleiro". 

Escobar afirma que os chineses têm uma experiência internacional. "Nos últimos 2/3 anos, os chineses começaram a chegar com carros tão bons quanto os japoneses e os coreanos, mas pela metade do preço. O que está acontecendo no sudeste da Ásia eles estão embarcando em um mercado que era dos seus concorrentes com qualidade e com preço. Então pra eles não tem fronteiras, isso é extraordinário e o avanço tecnológico, porque eles tem centro de pesquisa extraordinários em todas as áreas industriais e de tecnologia de informação.", conclui. 


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