Preços dos alimentos no mundo atingem nível mais alto em dez anos

Os preços globais dos alimentos subiram em maio, pelo 12º mês consecutivo, quase 40% na comparação anual, segundo o índice de preços dos alimentos nas Nações Unidas. O mês de maio também registrou o maior aumento mensal nos preços médios em mais de dez anos, atingindo 4,8%, ante abril.

Em entrevista para a CNN Brasil, a economista sênior da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, Abdolreza Abbassian, a surpreendente demanda de milho na China, a seca noBrasil e o aumento do uso global de óleos vegetais, cereais e açúcar fizeram foram fatores que fizeram os preços aumentarem em todo o mundo.

Outros itens que colaboraram com esse aumento foi o maior uso de bio diesel e o consumo de carnes e laticínios. 

No Brasil, uma das preocupações é a especulação sobre o milho no país, que registra diversos problemas na produção. "Esta é a grande questão na mente de todos agora", disse ele. “No setor de cereais, houve muitos problemas em termos do que vai acontecer com a produção deste ano. Fala-se muito de que as secas no Brasil afetem realmente o mercado de milho”.

Brasil e o risco de retonar ao mapa da fome

Com o aumento dos preços dos alimentos, o país corre o risco de voltar ao chamado mapa da fome, de onde saiu em 2014, com o programa Bolsa Família. Segundo dados do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no período entre 2001 e 2017, o programa reduziu a pobreza em 15%, e a extrema pobreza em 25%.

Na próxima quarta-feira (9), o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o IPCA de maio. O índice deve ficar em 0,7%, segundo a média das estimativas de mercado. No entanto, a preocupação é de quanto vai ficar o índice em 12 meses, que pode passar de 8% ao ano, o maior patamar desde 2015, quando o país teve uma inflação de dois dígitos.