"Privilégio injustificável", diz Marcelo Odebrecht sobre transferência de R$ 6,9 milhões ao pai
Segundo o empresário, a quantia foi paga meses antes do pedido de recuperação judicial pela empresa

Foto: Agência Brasil
O empresário Marcelo Odebrecht afirmou para a Justiça que a empresa realizou uma transferência de R$ 6,9 milhões ao pai, Emílio Odebrecht, quatro meses antes da empresa entrar com uma ação de recuperação judicial em 2019. Segundo Marcelo, o pagamento foi um "privilégio injustificável" em relação aos outros colaboradores da empresa. As informações são do colunista Rogério Gentile, do Uol.
O depoimento de Marcelo faz parte do inquérito da Lava Jato que investiga o envolvimento da Odebrecht com corrupções da Petrobras e outras empresas governamentais entre outros crimes de desvio de dinheiro.
Na época em que solicitou a recuperação judicial, a Odebrecht tinha dívidas que somavam R$ 98,5 bilhões. O pagamento ao pai, diz Marcelo, foi "um inequívoco tratamento diferenciado [em relação] aos credores". Ainda na declaração, Marcelo afirmou que o pai é "a pessoa que, de direito e de fato, controla de modo absoluto a companhia há mais de 20 anos". Em defesa, a empresa disse que não realizou nenhum tipo de pagamento indevido para Emílio.
Alvo da operação, a Justiça determinou que a Odebrecht pagasse uma multa de R$ 2,7 bilhões como punição no envolvimento dos crimes.
Por ser um dos colaboradores da Lava Jato, por meio de delação premiada, Marcelo Odebrecht, um dos herdeiros e principal acionistas da empresa, foi demitido da Odebrecht no final do ano passado por justa causa. Em março, a Justiça determinou, a pedido da própria Odebrecht, o bloqueio de R$ 143,5 milhões pagos ao acionista nos últimos anos para garantir a colaboração dele com as investigações na Lava Jato e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo ele, o acordo foi assinado mediante ameaças de que incriminaria executivos da empresa.